Por cadu.bruno

Rio - Os quatro PMs acusados da morte do menino Juan Moraes, de 11 anos, são julgados nesta terça-feira na 4ª Vara Criminal de Nova Iguaçu, na Baixada Fluminense. Duas pessoas foram ouvidas pelo juiz André Luiz Duarte Coelho. O menino foi morto durante uma ação policial da PM na comunidade Danon, no mesmo município.

O delegado Ricardo Barbosa, da Coordenadoria de Recursos Especiais (Core), que era o titular da Divisão de Homicídios da Baixada Fluminense na época da morte de Juan, disse que relatório produzido por ele concluiu que não houve confronto entre PMs e supostos traficantes.

Pessoas são revistadas antes do julgamentoSeverino Silva / Agência O Dia

De acordo com a denúncia do Ministério Público, os sargentos Isaías Souza do Carmo e Ubirani Soares; e os cabos Edilberto Barros do Nascimento e Rubens da Silva também são acusados de matar Igor Souza Afonso, suposto traficante da região, e de tentativa de homicídio contra Wesley Felipe Moraes da Silva e Wanderson dos Santos de Assis, irmão e amigo da vítima.

Segundo Barbosa, Igor estaria armado mas não efetuou disparos. Ao verem um jovem armado no beco, os policiais teriam atirado a esmo. Ainda de acordo com o delegado, no próprio depoimento, PMs disseram ter disparado e isso consta no auto de resistência. Barbosa afirmou ainda que testemunhas viram os jovens serem alvejados.

Menino foi morto em 2011 durante operação da polícia na comunidade DanonPaulo Alvadia / Agência O Dia

"Depois dos tiros, cinco viaturas foram ao local e pelo GPS ficou constatado que uma delas não apresentava localização porque o fio do GPS foi cortado por ação humana. Além disso, um dos fuzis apresentado pelos PMs não foi usado no confronto, conforme ficou provado após exame balístico", afirmou o delegado. A mãe de um garoto morto pelo tráfico na comunidade Danon também foi ouvida. Ela detalhou como bandidos somem com pessoas na favela.

O julgamento dos quatro PMs começou nesta segunda-feira, quando quatro testemunhas de acusação foram ouvidas. Rosinéia Moraes, mãe de Juan, chorou ao lembrar do filho. "Ele era uma criança como qualquer outra, brincava e estudava", disse ela, respondendo aos questionamentos do Ministério Público.

Rosinéia também declarou que sua casa teria sido saqueada por "homens de farda", depois que ela e a família deixaram o imóvel, no bairro Danon, em Nova Iguaçu, na Baixada Fluminense, para integrar o programa de proteção à testemunha. Rosinéia disse também que o irmão dela teria fugido do local, já que "homens fardados" também estariam rondando a casa e procurando os parentes.

A mãe de Juan relembrou que, na noite do crime, ouviu rajadas de tiros e depois saiu para procurar os filhos. Encontrou Wesley ferido e chegou a questionar um dos PMs que estava no beco, sobre o paradeiro de Juan: "O senhor viu uma criança inocente por aqui?". O policial respondeu que não.

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