Por tamyres.matos

Rio - As enormes pilhas de papéis entregues à CPI dos Ônibus pelo presidente da Rio Ônibus, Lelis Teixeira, com o título de “abertura da caixa-preta das empresas de ônibus”, pouco contribuirão para as investigações das licitações, de acordo com técnicos da comissão.

Dos 32 volumes de documentos, apenas oito são contratos das empresas de transporte rodoviário do Rio de Janeiro. Os outros são cópias de contratos de cidades como Belo Horizonte, Curitiba, Recife e Anápolis (GO). Segundo a assessoria da Rio Ônibus, o objetivo foi mostrar que o modelo de concessão é usado em outras regiões.

Marcado pelo humor%2C protesto teve lápides reproduzidas em ‘fradinhos’em frente à Câmara%2C com fotos de políticos e empresários à luz de velasErnesto Carriço / Agência O Dia

O presidente da CPI, vereador Chiquinho Brazão (PMDB), não mostrou-se satisfeito com a “prestação de contas”. Ele disse que vai propor aos outros membros da comissão a requisição de dados omitidos pela Rio Ônibus e que são importantes para a investigação.

Entre eles, estão a receita com publicidade nos veículos e terminais, quantos ônibus as exibem e quais agências as exploram, além da relação dos fornecedores de material por empresas e consórcios. Deverão ser pedidas tabém informações sobre o faturamento por empresa e donos, já que foram apresentados dados dos consórcios.

Os documentos só poderão ser exigidos à Rio Ônibus se os membros da comissão aprovarem. O vereador Eliomar Coelho (Psol), autor do pedido que criou a CPI e que renunciou após ela ser dominada pela bancada governista, afirmou que a falta de informações importantes comprova que o grupo, por não dominar o assunto, não sabe nem o que pedir.

Em nota, a Rio Ônibus alegou que os balanços das empresas não foram entregues porque os contratos com a prefeitura são assinados pelos consórcios. Mas informou que poderá apresentá-los.

Manifestante 'enterra' integrantes da CPI dos Ônibus na CinelândiaErnesto Carriço / Agência O Dia

Secretários da Pasta serão ouvidos na quinta-feira

O presidente da CPI vai propor uma reunião extraordinária do grupo na terceira audiência pública da comissão, na próxima quinta-feira. O objetivo é levantar a possiblidade de requisitar mais documentos à Rio Ônibus. Será analisada também a possiblidade de convocação para testemunhos de membros do Ministério Público que investigam os contratos de licitação.

Na reunião de quinta-feira, serão ouvidos o secretário municipal de Transportes, Carlos Roberto Osório, o ex-secretário Alexandre Sansão Fontes, atual subsecretário Executivo de Transportes, e o representante da Fundação Getúlio Vargas, responsável pelo cálculo das tarifas.

Ainda não está programada nenhuma convocação de membros do Tribunal de Contas do Município. O órgão é responsável por produzir relatórios sobre questionamentos dos processos licitatórios e dos contratos de concessão. O procurador do município, Fernando Dionísio, deverá depor de novo.

Manifestantes fazem enterro simbólico de políticos na Câmara

Manifestantes voltaram a ocupar as escadarias da Câmara do Rio ontem à noite, em protesto contra políticos. Eles fizeram o enterro simbólico de vereadores. Em uma encenação, acenderam velas e colocaram flores em uma réplica de caixão feita de papelão.

O ato foi pacífico, marcado pelo humor. O grupo transformou nove fradinhos em lápides, onde se viam nomes e fotos de políticos da CPI dos Ônibus. No protesto, foram ‘sepultados’ também o empresário de ônibus Jacob Barata e outros políticos. O ato foi liderado pelo Ocupa Câmara, com participação do Movimento Passe Livre, para marcar dois meses de ocupação da Câmara.

Outros cerca de 50 manifestantes se concentraram em frente ao Tribunal de Justiça. Pediam a libertação do preso Wallace Vieira dos Santos, detido sábado. Aproximadamente mil policiais militares cuidavam da segurança no local.

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