Rio - O discurso do promotor Sérgio Fonseca, que pediu aos jurados a condenação dos quatro PMs acusados de matar o menino Juan Moraes, de 11 anos, em 2011, terminou por volta das 13h desta quinta-feira. Ele afirmou que os policiais foram à comunidade Danon na intenção de matar.
"Não é razoável achar que dois policiais sozinhos iriam prender um grupo de traficantes. Mataram quase todo mundo, só tinham quatro pessoas. É para isso que foram lá e conseguiram. A ação deles naquele momento foi típica de grupo de extermínio", acusou.
No fim da sua apresentação, o promotor mostrou aos jurados duas imagens, na tentativa de comovê-los: uma era a foto de Juan e a outra, a do crânio que estava no laudo antropológico. "Esse é o Juan agora. Isso é muito doloroso. Não podemos permitir que a polícia haja dessa forma, tem que se pensar antes de agir."
No início de sua apresentação aos jurados nesta quinta, o promotor Sérgio Ricardo Fernandes Fonseca foi incisivo: pediu a condenação de todos os acusados.
"As provas são absurdas e eu não tenho outra saída a não ser pedir aos senhores a condenação. Sou totalmente a favor que a polícia haja, se proteja e até entre em confronto se necessário. Mas tudo isso não justifica que o policial haja com o poder que tem fora da lei, para executar pessoas", afirmou.
O promotor ainda apresenta detalhes do processo - como os horários de deslocamento das viaturas no dia do crime - para convencer os jurados de que os policiais mataram Juan e tentaram montar uma versão para encobrir o crime.
Do banco dos réus, os quatro jurados assistem a tese do promotor. Na plateia, dezenas de parentes e PMs também acompanham a audiência.
Relembre o caso
Os policiais militares Isaias Souza do Carmo, Edilberto Barros do Nascimento, Ubirani Soares e Rubens da Silva são acusados de dois homicídios dolosos (com intenção de matar) qualificados (motivo torpe e sem chance de defesa das vítimas) contra Igor Souza Afonso e Juan Moares Neves, além de duas tentativas de homicídio doloso, também duplamente qualificado, contra Wesley Felipe Moares da Silva e Wanderson dos Santos de Assis.
Os crimes aconteceram em junho de 2011, durante uma operação do 20°BPM (Mesquita) na Favela Danon, em Nova Iguaçu.