Rio - A sentença dos quatro PMs acusados de matar Juan Moraes, 11 anos, deve ser definida nesta quinta-feira, quarto dia de julgamento na 4ª Vara Criminal de Nova Iguaçu. O início da sessão desta quinta sofreu atraso por conta da demora na chegada do promotor e defensora, por conta de engarrafamento, e começou por volta das 11h30.
Em sua apresentação aos jurados nesta quinta, o promotor Sérgio Ricardo Fernandes Fonseca foi incisivo: pediu a condenação de todos os acusados.
"As provas são absurdas e eu não tenho outra saída a não ser pedir aos senhores a condenação. Sou totalmente a favor que a polícia haja, se proteja e até entre em confronto se necessário. Mas tudo isso não justifica que o policial haja com o poder que tem fora da lei, para executar pessoas", afirmou.
O promotor ainda apresenta detalhes do processo - como os horários de deslocamento das viaturas no dia do crime - para convencer os jurados de que os policiais mataram Juan e tentaram montar uma versão para encobrir o crime.
Do banco dos réus, os quatro jurados assistem a tese do promotor. Na plateia, dezenas de parentes e PMs também acompanham a audiência.
O julgamento tem sido marcado pela defesa levantando o debate de que os tiros que mataram o menino, em 2011, partiram de traficantes, e não dos militares do 20º BPM (Mesquita). Desde segunda-feira, os advogados insistem nas perguntas sobre a atuação do tráfico no bairro Danon às testemunhas. A promotoria descarta a tese e afirma que, pela posição dos militares apontada por testemunhas, os tiros partiram deles.
Nesta quarta-feira, os quatro réus foram ouvidos até o fim da noite. Dois deles, Isaías do Carmo e Edilberto Barros, afirmaram ter trocado tiros com traficantes naquela noite. Eles disseram ter disparado 11 e 20 tiros de fuzil, respectivamente. Os acusados ressaltaram que socorreram Igor de Sousa, 17, que também morreu. Edilberto disse aos jurados, em seu relato, que é inocente. “Se tivéssemos ido lá para exterminar, o Isaías não teria gritado para eles pararem de correr.”
Relembre o caso
Os policiais militares Isaias Souza do Carmo, Edilberto Barros do Nascimento, Ubirani Soares e Rubens da Silva são acusados de dois homicídios dolosos (com intenção de matar) qualificados (motivo torpe e sem chance de defesa das vítimas) contra Igor Souza Afonso e Juan Moares Neves, além de duas tentativas de homicídio doloso, também duplamente qualificado, contra Wesley Felipe Moares da Silva e Wanderson dos Santos de Assis.
Os crimes aconteceram em junho de 2011, durante uma operação do 20°BPM (Mesquita) na Favela Danon, em Nova Iguaçu.