Rio - Investigado por envolvimento no desaparecimento do pedreiro Amarildo Dias de Souza, de 47 anos, o major Edson Santos, ex-comandante da Unidade de Polícia Pacificadora (UPP) da Rocinha, voltou a ficar em xeque. Duas testemunhas afirmaram na Divisão de Homicídios (DH) que uma delas foi coagida pelo oficial a prestar um falso depoimento na promotoria do Ministério Público, que atua junto à Auditoria de Justiça Militar. Em troca, o PM ajudaria financeiramente a dupla, com o pagamento de um aluguel de apartamento na favela de Rio das Pedras, na Zona Oeste.
Amarildo desapareceu dia 14 de julho, na Rocinha, em meio a operação ‘Paz armada’, das polícias Civil e Militar, que identificou 90 traficantes. Ele foi visto pela última vez saindo da UPP e embarcando numa viatura da PM. As declarações das duas testemunhas, mãe e filho — ele menor acusado de envolvimento com o tráfico de drogas — foram feitas na madrugada de quinta-feira na DH, na presença de quatro delegados e dois promotores.
Eles informaram que, por pressão do major Edson, a mulher foi ao Ministério Público afirmar que Amarildo tinha sido morto por um traficante, identificado por Catatau, e que a vítima prestaria serviços para o tráfico. No mês passado, o militar levou a testemunha pessoalmente.
A versão dada na época é a mesma alegada pelo major Edson e outros quatro PMs investigados por envolvimento no caso. No relato feito quinta-feira, a testemunha foi enfática:‘Disseram que se continuasse na comunidade viraria Amarildo’. A Divisão de Homicídios passou a investigar o caso no lugar da 15ª DP (Gávea).
Em nota, a PM informou que o major Edson não comanda mais a UPP Rocinha e voltou para a sua unidade de origem, o Batalhão de Operações Especiais (Bope), tropa de elite da PM. A Polícia Civil explicou que as investigações ainda estão em andamento.
Corregedoria apura divergências
As testemunhas, que estão sendo protegidas pela Polícia Civil, foram levadas por PMs da UPP Rocinha para a 15ª DP (Gávea), na quarta-feira, unidade de iniciou a investigação. Por ordem da chefe da Polícia Civil, Martha Rocha, o delegado Orlando Zaccone as encaminhou à Homicídios.
Zaccone e Ruchester Marreiros, que atuaram primeiro no caso, não se entenderam sobre o rumo da investigação. Um pendeu para responsabilizar os PMs e o outro, o tráfico. A Corregedoria da Polícia Civil apura a atuação dos delegados.
Polícia Militar vai investigar a acusação
A Polícia Militar também vai investigar as acusações feitas pelas testemunhas ao major Edson Santos. Pelo Código Penal Militar, coagir testemunhas durante investigação pode resultar em condenação de até quatro anos de prisão. Nesta sexta-feira, mãe e filho prestaram depoimento na 8ª Delegacia de Polícia Judiciária Militar (DPJM), que fica no Complexo do Alemão, Bonsucesso, responsável pelas investigações envolvendo policiais em áreas de UPPs.
Em nota, a PM explicou que há um IPM em curso na 8ª DPJM sobre a conduta da UPP da Rocinha no desaparecimento do pedreiro Amarildo. Foram ouvidas 35 pessoas, sendo 30 PMs. O IPM corre dentro do prazo estabelecido de 40 dias, e pode ser prorrogado por mais 20.
Corregedoria apura divergências
As testemunhas, que estão sendo protegidas pela Polícia Civil, foram levadas por PMs da UPP Rocinha para a 15ª DP (Gávea), na quarta-feira, unidade de iniciou a investigação. Por ordem da chefe da Polícia Civil, Martha Rocha, o delegado Orlando Zaccone as encaminhou à Homicídios.
Zaccone e Ruchester Marreiros, que atuaram primeiro no caso, não se entenderam sobre o rumo da investigação. Um pendeu para responsabilizar os PMs e o outro, o tráfico. A Corregedoria da Polícia Civil apura a atuação dos delegados.