Por adriano.araujo

Rio - O aspecto um tanto bucólico de vila do interior, com crianças correndo por ruas de terra, cavalos e galos, esconde uma realidade difícil. Moradores do Morro Camarista Méier, no Engenho de Dentro, há anos enfrentam o abandono dos serviços públicos mais básicos.

Embora seja uma das poucas comunidades da cidade a não registrar confrontos entre criminosos e policiais, em função da instalação, em 2010, de uma unidade avançada do 3º BPM (Méier) no alto da favela, o poder público tem falhado com os cerca de 30 mil moradores da região. Ruas sem asfaltamento, esgoto a céu aberto, falta d’água constante e interrupções do fornecimento de luz são os principais problemas, além do lixo espalhado.

Dono de um lava-a-jato, André Luis Bezerra da Silva, 40, que mora desde que nasceu na Camarista Méier, alerta para outras mazelas, como encostas prestes a desabar, valões que despejam esgoto e ligações feitas pelos próprios moradores para a obtenção de água.

Moradores reclamam de falta d’águaPaulo Araújo / Agência O Dia

A ajudante de cozinha Alexandra Lúcia Souza Mendes, 31 anos, lembra que há anos os moradores pedem a instalação de uma cisterna no alto da comunidade para regularizar o abastecimento. “Dizem que vão resolver o problema, mas nunca passam da promessa. Precisamos comprar galões d’água para podermos beber e fazer comida. E quando chove ou venta muito, para piorar, ficamos sem luz”, conta.

Lixo por todo lado e falta de calçamento

Os moradores também reclamam do sistema de recolhimento de lixo. A dona de casa Maria Rosilene Soares Martins, 39, conta que a coleta é realizada apenas duas vezes, o que faz com que as diversas lixeiras espalhadas pela comunidade não tenham como armazenar todo o lixo. “Acaba ficando espalhado. Tem mosca em tudo quanto é lugar”, comenta Rosilene.

A falta de calçamento também incomoda. Ruas e becos de terra se transformam em um verdadeiro lamaçal nas chuvas. “As crianças chegam sujas na escola e a gente vai com os pés todos cheios de lama para o trabalho”, reclama o porteiro Juarez dos Santos Pequeno, 53. Quem também sofre é João Carlos Faria, 55. Pai de uma adolescente com paralisia cerebral, ele enfrenta dificuldades para se deslocar no morro.

Morador vai lançar um jornal local

Entre o sobe e desce ladeiras do Morro Camarista Méier para ajudar os vizinhos, André Luís Bezerra da Silva acalenta um sonho. Completar o Ensino Médio e se formar em Jornalismo. Na primeira semana de outubro, ele lançará, com colaboradores, o jornal mensal A Voz da Pedra Negra, que terá tiragem de 5 mil exemplares. Pedra Negra é o local da comunidade onde está instalado o posto avançado da Polícia Militar.

Pais querem lazer e creche para crianças

As crianças que vivem no Morro Camarista Méier são prejudicadas. Afinal, são quase nulas as opções de lazer. “Não tem nenhuma quadra esportiva ou praça para que as crianças possam brincar com segurança”, reclama a dona de casa Maria Rosilene Soares Martins, 39 anos.

Outro problema enfrentado é a falta de creche pública. A ajudante de cozinha Alexandra Lúcia Souza Mendes, de 31 anos, destaca que as crianças não têm onde ficar enquanto os pais trabalham. “Só existe uma creche aqui na comunidade, mas é preciso pagar. É um problema”, ressalta.

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