Rio - Ao se engajar na luta pelos direitos da pessoa com deficiência, o jornalista Andrei Bastos não imaginava que viria a sentir na pele as dificuldades de quem tem necessidades especiais. Em 2003, aos 52 anos, foi obrigado a amputar uma perna por conta de um câncer. No dia 1º de outubro, lançará o livro ‘Assimétricos’, em que expõe problemas enfrentados por pessoas como ele.
Qual foi a maior dificuldade que o sr. enfrentou quando foi obrigado a amputar sua perna?
Eu gostava muito de caminhar, a atividade era um prazer para mim. O mais difícil foi aceitar essa impossibilidade. Eu já estava ciente das dificuldades pelas quais passam as pessoas com deficiência porque trabalhava na campanha da Georgette Vidor [titular da Secretaria Municipal da Pessoa com Deficiência] para deputada e estava envolvido nessa luta.
Qual é o maior problema dos deficientes?
A falta de acessibilidade. Ela impede que a pessoa com deficiência, seja física, visual, auditiva ou mental, tenha autonomia para frequentar a escola ou para ir trabalhar. No livro, conto a história de um cadeirante que teve que pedir demissão porque não conseguia chegar ao trabalho.
Por que esse problema ainda persiste?
Falta vontade política. Não adianta criar uma secretaria específica sem colocar pessoas com deficiência em cada setor do governo. Londres, que sediou as últimas Paraolimpíadas, é toda acessível. Em 2007, tivemos o Parapan no Rio e não restou nada.