Por raphael.perucci

Rio - Um menino de 14 anos foi fuzilado e morto, por engano, de madrugada, na Pavuna. De acordo com a Polícia Civil, Matheus Vieira Pita voltava de festa infantil na Penha, também na Zona Norte, quando o Celta vermelho em que estava com o irmão caçula, a tia e a prima, foi alvejado por quatro tiros na Rua Afonso Terra, perto do Morro da Pedreira. O garoto, único ferido, com tiro na cabeça, chegou a ser levado pelo pai à UPA de Costa Barros, mas não resistiu. Horas após o crime, traficantes foram à casa da família do adolescente e pediram desculpas pelo assassinato.

Assalto em lanchonete terminou em tiroteio e uma das balas atingiu Matheus na PavunaOsvaldo Praddo / Agência O Dia

O caso foi registrado na 39ª DP (Pavuna) e está sendo investigado pela Divisão de Homicídios (DH).

Segundo vizinhos de Matheus, traficantes do Morro da Pedreira teriam confundido o carro em que o menino estava com o de bandidos do Morro do Chapadão (Corsa vermelho), que, de acordo com eles, assaltaram duas lanchonetes pouco antes de o veículo chegar ao local.

‘NÃO HÁ SEGURANÇA’

Dois homens numa moto teriam interceptado o carro, dirigido pela tia do menino, que ficou nervosa e não parou quando o primeiro tiro foi dado. Por isso, eles teriam disparado mais três tiros no carro, a poucos metros da casa onde morava Matheus.

Eles só teriam parado de atirar porque moradores gritaram que se tratavam de moradores e, depois, fugiram. Tio do menino, o representante comercial Alan Souto Campos emocionou-se ao falar da paixão de Matheus por futebol, quando esperava a liberação do corpo no Instituto Médico-Legal (IML) em São Cristóvão.

“Ele era um menino tranquilo, do bem, que gostava de jogar bola e ir ao estádio comigo. Vamos enterrá-lo com a camisa do Fluminense”, disse.

Além do futebol, a vítima também gostava de se distrair soltando pipa e jogando videogame com o irmão. “Tinha 14 anos, mas era uma criança”.

Matheus cursava o 6º ano do Colégio Magnata. A mãe do dono da lanchonete Point da Família, uma das assaltadas na madrugada de ontem, disse que assaltos na região têm se intensificado de dois anos para cá. “Esta foi a quarta vez que a loja foi assaltada. Na região não há segurança”.

‘Relação maravilhosa com o irmão’

Cerca de 80 pessoas, entre familiares, amigos e colegas de escola, prestaram a última homenagem a Matheus, ontem, no Cemitério de Irajá. O sentimento de tristeza se confundia com os de indignação e incredulidade. Poucas pessoas quiseram falar com a imprensa.

Considerado por todos um jovem tranquilo, o adolescente sonhava em jogar no Fluminense e estava escalado para disputar um campeonato pelo time do bairro: “A gente andava junto desde que eu tinha 12 anos. Apesar da diferença de quatro anos, a nossa amizade era ótima. Ele morava perto da minha casa. Era um garoto feliz, estava sempre alegre e tinha uma relação muito carinhosa com o irmão mais novo”, conta o estudante Ronald Oliveira, 18 anos.

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