Por cadu.bruno

Rio - Deputados federais da bancada do Rio entregam, nesta quarta-feira, um protocolo de pedido de investigação paralela por parte da Secretaria de Direitos Humanos da Presidência no caso Amarildo. A ideia surgiu de uma reunião entre a deputada federal e coordenadora da bancada do Rio, Jandira Feghali (PCdoB/RJ), e a ministra Maria do Rosário.

Dessa forma, os acusados podem ter a pena aumentada sob ótica da violação de direitos humanos. Além disso, o ministério vai acompanhar o inquérito e pedir revisões de investigação ao delegado responsável caso seja necessário. O protocolo conta com 40 assinaturas de deputados federais.

Família de Amarildo busca solução para o casoAlessandro Costa / Agência O Dia

"O desaparecimento do pedreiro exige junção de forças para uma elucidação do caso de forma neutra e detalhada. Sabemos que o principal acusado é a Polícia Militar, braço do Governo do Estado. É nosso compromisso, como bancada de deputados federais fluminenses, buscar alternativas e formas de acelerar a investigação. A angústia ainda é muito grande para a família e toda a população do Rio", contou a deputada.

Amarildo de Souza desapareceu no último dia 14 de julho depois de ser retirado da porta de sua casa por policiais militares e levado para a sede da Unidade de Polícia Pacificadora (UPP).

Depoimento dá esperança para família

Dois meses depois do desaparecimento, após  abordagem policial, a família ficou mais esperançosa em relação à solução do caso. Duas testemunhas afirmaram na Divisão de Homicídios (DH) que uma delas foi coagida pelo ex-comandante da UPP da Rocinha, major Edson Santos, a prestar um falso depoimento, favorável aos PMs, na promotoria do Ministério Público em troca de favores que envolviam o pagamento de um aluguel de apartamento em Rio das Pedras, Zona Oeste. As testemunhas são mãe e filho, ele menor acusado de envolvimento com o tráfico de drogas na comunidade.

“A saída do major vai tirar a capa do medo das pessoas, muita gente vai abrir a boca e falar o que sabe. Sabíamos que havia algo errado nessas informações de que ele tinha envolvimento com o tráfico”, disse Michele Lacerda, 26 anos, sobrinha de Amarildo, que disse ter ouvido falar de intimidações por policiais.

“Por mais que minha tia (mulher de Amarildo Elizabeth Gomes da Silva) saiba que ele está morto, sempre tem a esperança de que seja encontrado vivo, afinal, não encontraram o corpo”, continuou a sobrinha.

Para o deputado estadual e presidente da Comissão de Direitos Humanos, Marcelo Freixo, a denúncia envolvendo o ex-comandante da UPP da Rocinha muda totalmente o rumo das investigações.

Testemunha importante

“Essa era uma testemunha muito importante para os policiais, já que inicialmente ela falou que foi ameaçada por traficantes e teria ouvido de um deles que faria com seu filho o mesmo que fez com Amarildo. Esse novo depoimento é muito importante porque desmonta esse elemento de defesa dos policiais, mas vai muito além disso. Se for verdade, caracteriza uma corrupção na investigação”, avalia Freixo.

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