Por thiago.antunes

Rio - A cada 90 minutos, duração de uma partida de futebol, uma mulher é morta no Brasil. Negras, jovens e pouco escolarizadas são as principais vítimas da violência. No Estado do Rio, a taxa de homicídios é de 6,03 para cada grupo de 100 mil mulheres, acima da média nacional, que é de 5,82. As mortes ocorridas nos municípios fluminenses superam os índices de onze estados brasileiros, à frente do Maranhão e Amapá.

Os dados fazem parte do estudo ‘Violência contra a mulher: feminicídios no Brasil’, elaborado pelo Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea), entre 2009 e 2011, com base em dados do Sistema de Informações sobre Mortalidade (SIM), do Ministério da Saúde. No período, foram assassinadas 16.993 mulheres. Por ano, ocorrem, em média, 5.664 mortes de causas violentas.

Ex-marido é principal suspeito da morte de Márcia Leocádio na BaixadaReprodução

Vários tipos de agressão

Segundo os pesquisadores, a violência contra a mulher é praticada sob diversas formas, desde a agressão verbal, passando pelo abuso emocional, até a violência física ou sexual. Os crimes cometidos contra elas, em sua maioria, envolvem armas de fogo e são praticados em vias públicas. Grande parte dos homicídios ocorre nos finais de semana, sendo que 19% dos homicídios acontecem aos domingos.

O levantamento mostra que, sete anos após a criação da Lei Maria da Penha, as taxas permaneceram estáveis.Houve um sutil decréscimo da taxa em 2007, logo após a entrada em vigor da lei, mas depois voltou a crescer. Os estados com os maiores índices são Espírito Santo, Bahia, Alagoas e Roraima. No outro extremo, estão o Piauí, Santa Catarina e São Paulo.

Para o Ipea, é necessário reforçar as ações previstas na Lei Maria da Penha e adotar medidas de enfrentamento à violência doméstica com proteção às vítimas.

Maioria tem até 39 anos

A região com as piores taxas de violência contra a mulher é o Nordeste, que apresentou 6,9 casos a cada 100 mil mulheres, de 2009 a 2011;

Mulheres jovens foram as principais vítimas: 31% estavam na faixa etária de 20 a 29 anos e 23% de 30 a 39 anos;

Retrato da violência contra elas. Clique na imagem acima para ver o infográfico completoArte%3A O Dia

Enforcamento ou sufocação foi registrado em 6% dos óbitos. Maus tratos – incluindo agressão por meio de força corporal, força física, violência sexual, negligência, abandono e outras síndromes de maus tratos (abuso sexual, crueldade mental e tortura) – foram registrados em 3% dos óbitos;

A cada mês são assassinadas no país 472 mulheres, ou 15,52 por dia.

Os companheiros delas são os principais assassinos

Três em cada dez mulheres assassinadas foram atingidas dentro da própria casa, o que reforça o perfil de violência doméstica ou familiar.
De acordo com o levantamento do Ipea, 40% de todos os homicídios são cometidos pelos companheiros das vítimas.

“Os parceiros íntimos são os principais assassinos de mulheres”, constata a coordenadora do estudo, Leila Posenato. 

Um exemplo disso foi o caso da vereadora suplente Márcia Leocádio de Souza (PDT), 49 anos, que, em janeiro, foi morta em casa, em Nova Iguaçu, na Baixada Fluminense. O marido é o principal acusado de tê-la esfaqueado.
Normalmente, os crimes envolvem situações de abuso, ameaças, intimidação e violência sexual. A morte da mulher é intencional e, na maioria dos casos, sem chance de defesa para as vítimas. 

“ Os crimes são eventos evitáveis, que abreviam as vidas de mulheres jovens, causando perdas inestimáveis, além de consequências adversas para as crianças, para as famílias e para a sociedade”, conclui a pesquisadora do instituto.

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