Rio - Em outra demonstração de ação truculenta, PMs do Batalhão de Choque tentaram retirar à força o acampamento dos professores nas escadarias da Câmara dos Vereadores, na noite desta segunda-feira. Os policiais jogaram duas bombas de gás e uma de efeito moral, além de quebrar algumas barracas dos docentes. Muitos passaram mal e seguiram para a frente do Teatro Municipal, onde buscaram abrigo temporário.
O comércio local fechou as portas. O tradicional restaurante Amarelinho encerrou o expediente após uma bomba de gás cair em suas dependências. Momentos antes, o estabelecimento abrigava os manifestantes. Várias pessoas que chegavam para o Festival do Rio, realizado no Cine Odeon, se uniram aos ativistas. Os PMs permaneceram fazendo um cordão de isolamento no local. Os professores informaram que esperam apenas o efeito da fumaça passar para voltar ao acapamento em frente à Câmara, na companhia de integrantes do grupo Black Bloc.
Os docentes afirmaram que vão continuar pressionando os vereadores da Casa para que a votação do Plano de Cargos, Carreiras e Salários, prevista para acontecer nesta terça-feira, seja anulada e um novo documento seja elaborado. Por volta das 22h, grande parte do efetivo da PM se dispersou do local e viaturas do Choque permaneceram na área.
Diversas vias — como as avenidas Rio Branco e Almirante Barroso, e a Rua Evaristo da Veiga —, foram fechadas com barricadas de fogo. Integrantes do Black Bloc caminharam até a 5ª DP (Mem de Sá) para pedir a soltura dos detidos. Parte deles ficou para defender o acampamento dos docentes. Segundo a polícia, oito pessoas foram detidas, entra elas um menor. Nenhum dos detidos era professor. Membros da OAB permanecem de plantão na porta da unidade policial. Dez pessoas que faziam parte da manifestação registraram queixa contra a agressão da PM.
Jornalista foi agredido
A manifestação dos professores em frente à Câmara Municipal registrou outra cena de truculência por parte da Polícia Militar. Policiais militares do Batalhão de Choque chegaram ao local e, munidos de cassetetes e bombas de gás, detiveram diversos manifestantes que apoiam a greve da categoria. Os PMs declaram ainda que quem estiver no local poderá ser preso a qualquer momento.
Um jornalista do jornal Zona de Conflito, identificado apenas como Hojas, sofreu agressão dos PMs após tirar um celular do bolso e perguntar aos policiais para onde os detidos estavam sendo encaminhados. Ele acabou sendo colocado no camburão dos policiais.
Agências bancárias foram depredadas no entorno da Rua Araújo Porto Alegre. Ativistas acusam policiais do serviço reservado (P2) pelo quebra-quebra. Um ônibus de placa LQW-6878 furou o bloqueio dos ativistas e atropelou diversas pessoas.
PMs atropelam manifestantes na Câmara Municipal
Mais cedo, uma viatura da Polícia Miltar atropelou, na noite desta segunda-feira, manifestantes que cercavam o veículo e pediam pela soltura de um jovem detido por usar máscara, durante protesto dos profissionais de educação em frente à Câmara Municipal. De forma agressiva, os PMs detiveram manifestantes, inclusive quem não usava máscaras, no entorno.
O jovem levado pelos policiais foi arrastado com um mata-leão por 150 metros. Ao lado do Teatro Municipal, outras cenas de selvageria aconteceram. Dois policiais, identificados apenas como Silvestre e E13, este pela nova vigência do código alfanumérico, agrediram um manifestante. O rapaz levou pisões no pé e sofreu fratura exposta. Outros ativistas socorreram a vítima, identificada apenas como Phillip, que foi levada por bombeiros para o Hospital Municipal Souza Aguiar, no Centro.
Integrantes do movimento Black Block chegaram ao local por volta das 18h, em solidariedade ao movimento grevista dos profissionais de educação. O clima ficou tenso quando parte dos ativistas chegaram na altura da Senador Dantas e rodearam cinco PMs. Os policiais deixaram o círculo e foram até um ônibus da corporação que estava estacionado perto da Casa. Mais de 10 policiais saíram do veículo e começaram a promover as prisões.