Rio - Um policial militar foi flagrado no telhado da Câmara de Vereadores atirando objetos nos professores que realizavam protesto na última terça-feira, quando o Plano de Cargos e Salários da categoria foi votado. A PM informou nesta sexta-feira que o militar já foi identificado, está afastado de suas atividades e será punido.
Um vídeo com as imagens foi encaminhado por funcionários da Câmara ao vereador Jefferson Moura (PSol), que o entregou à segurança da Câmara.
Imagem causou revolta
A imagem de um policial militar mostrando um cassetete quebrado com a legenda 'Foi mal fessor' está causando revolta na Web. O PM, que se identifica na página do Facebook como 'Tiago Tiroteio', teria participado do protesto dos professores na Câmara de Vereadores durante a votação em que foi aprovada
A foto teria sido postada horas depois das manifestações e teve mais de 300 compartilhamentos antes de sair do ar. A Polícia Militar tenta identificar o policial juntamente com a 1ª Delegacia de Polícia Judiciária Militar (DJPM).
Nenhum PM foi punido por abuso em protestos no Rio
Após quase quatro meses, nada totalmente esclarecido e ninguém punido. A PM informou nesta quinta-feira que, de junho a outubro, sete sindicâncias foram abertas para apurar supostas condutas irregulares de policiais militares durante as manifestações no Rio. Em nota, segundo a corporação, ‘todos os procedimentos ainda estão em andamento, pois cabem recursos, o que tornam os processos mais lentos’. Entretanto, a PM afirmou que ‘as investigações já apontam para a punição e o afastamento de policiais’, mas não revela o número de agentes sob suspeita.
A Corregedoria Geral Unificada (CGU) também acompanha os inquéritos sobre possíveis excessos dos servidores. Em relação ao caso dos dois oficiais flagrados num vídeo veiculado por ‘Globo Online’ supostamente forjando a apreensão de três morteiros para incriminar um adolescente, no dia 30, a CGU afirma que requisitou à 5ª DP (Gomes Freire) cópia do inquérito com as declarações dos policiais para análise.
A PM identificou como major Pinto, do 5º BPM (Praça da Harmonia), e tenente Andrade, do 20º BPM (Mesquita), os dois oficiais que aparecem prendendo o menor na Cinelândia e o conduzindo à 5ª DP. Eles prestaram depoimento ontem na 3ª Delegacia de Polícia Judiciária Militar (DPJM), no Méier, e já foram afastados das ruas em dias de protestos.
“Quando o comandante-geral, coronel Luís Castro, viu as imagens, determinou à Corregedoria a abertura de sindicância para apurar os fatos. A Polícia Militar não compactua com ilegalidades, com atos abusivos”, afirmou o relações-públicas da PM, coronel Claudio Costa.
A PM pediu que testemunhas de possíveis casos de excessos e desvios de conduta informem à Corregedoria da instituição, pelo telefone 3399-1199, a fim de que sejam apuradas as denúncias.
O Ministério Público, por sua vez, informou que entrou em contato com o advogado do adolescente para que ele preste depoimento nos próximos dias.
Na noite de segunda-feira, o adolescente levado à delegacia caminhava tranquilamente pela Cinelândia quando foi abordado pelo tenente Andrade, que já segurava na mão um morteiro. Para revistar a mochila do jovem, o oficial joga o artefato no chão. Nesse momento, o major Pinto aparece na imagem, e são ouvidas frases como ‘o senhor está com três morteiros’.