Rio - O policial militar identificado apenas como Tiago Tiroteio, que postou em seu perfil no Facebook uma foto mostrando que quebrou seu cassetete durante a manifestação dos professores contra a aprovação do Plano de Cargos, Carreiras e Salários nesta segunda-feira, poderá ser expulso. A informação é da assessoria da Polícia Militar.
Segundo a PM, o homem de 30 anos está há cinco na Corporação e pertence ao Batalhão de Choque. Em depoimento nesta sexta na Corregedoria, ele afirmou que não fez a postagem ofensiva. A Corregedoria abriu Inquérito Policial-Militar (IPM) para checar esta versão.
"A Polícia Militar repudia qualquer ato de violência e uso desmedido da força, por parte de seus policiais. E reitera que comportamentos desse tipo, que desqualificam a atividade do policial militar, não serão tolerados. Da mesma maneira que não serão toleradas ofensas ou ataques a uma classe profissional da importância que é a dos professores", diz trecho da nota.
Nenhum PM foi punido por abuso em protestos no Rio
Após quase quatro meses, nada totalmente esclarecido e ninguém punido. A PM informou nesta quinta-feira que, de junho a outubro, sete sindicâncias foram abertas para apurar supostas condutas irregulares de policiais militares durante as manifestações no Rio. Em nota, segundo a corporação, ‘todos os procedimentos ainda estão em andamento, pois cabem recursos, o que tornam os processos mais lentos’. Entretanto, a PM afirmou que ‘as investigações já apontam para a punição e o afastamento de policiais’, mas não revela o número de agentes sob suspeita.
A Corregedoria Geral Unificada (CGU) também acompanha os inquéritos sobre possíveis excessos dos servidores. Em relação ao caso dos dois oficiais flagrados num vídeo veiculado por ‘Globo Online’ supostamente forjando a apreensão de três morteiros para incriminar um adolescente, no dia 30, a CGU afirma que requisitou à 5ª DP (Gomes Freire) cópia do inquérito com as declarações dos policiais para análise.
A PM identificou como major Pinto, do 5º BPM (Praça da Harmonia), e tenente Andrade, do 20º BPM (Mesquita), os dois oficiais que aparecem prendendo o menor na Cinelândia e o conduzindo à 5ª DP. Eles prestaram depoimento ontem na 3ª Delegacia de Polícia Judiciária Militar (DPJM), no Méier, e já foram afastados das ruas em dias de protestos.
“Quando o comandante-geral, coronel Luís Castro, viu as imagens, determinou à Corregedoria a abertura de sindicância para apurar os fatos. A Polícia Militar não compactua com ilegalidades, com atos abusivos”, afirmou o relações-públicas da PM, coronel Claudio Costa.
A PM pediu que testemunhas de possíveis casos de excessos e desvios de conduta informem à Corregedoria da instituição, pelo telefone 3399-1199, a fim de que sejam apuradas as denúncias.
O Ministério Público, por sua vez, informou que entrou em contato com o advogado do adolescente para que ele preste depoimento nos próximos dias.
Na noite de segunda-feira, o adolescente levado à delegacia caminhava tranquilamente pela Cinelândia quando foi abordado pelo tenente Andrade, que já segurava na mão um morteiro. Para revistar a mochila do jovem, o oficial joga o artefato no chão. Nesse momento, o major Pinto aparece na imagem, e são ouvidas frases como ‘o senhor está com três morteiros’.