Por thiago.antunes

Rio - Das telas do cinema para a realidade. Um grupo de engenheiros do Rio está desenvolvendo um software que reproduz a face de uma pessoa a partir de um vídeo que a captura mesmo que ela esteja em movimento. Mas o grande trunfo do programa é que, conectado a um banco de dados, ele pode identificar, por exemplo, num estádio de futebol, um criminoso que teve o rosto filmado durante um assalto.

Ao reconhecer o rosto do procurado na multidão, sinaliza com alarme que a face reproduzida no banco de dados foi identificada. A expectativa inicial é que o projeto seja testado na Copa, mas o programa só deve ficar totalmente pronto no final de 2014. Mesmo assim, garantem os projetistas, será um importante instrumento de segurança no evento.

Olho eletrônico vai captar e compor rosto de bandidosReprodução

“Um criminoso procurado trafegando num lugar público poderá estar sendo filmado e o sistema poderá gerar um alarme que desencadeie alguma ação da polícia. Outra aplicação será, por exemplo, a identificação de passageiros chegando ao aeroporto ou de pessoas presentes nos grandes eventos”, explicou o coordenador do projeto, o professor do Departamento de Engenharia Elétrica da PUC-Rio, Raul Feitosa.

O software está sendo desenvolvido pelo Laboratório de Visão Computacional, da PUC-Rio, em parceria com a empresa Montreal Informática. O projeto tem apoio da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado do Rio de Janeiro (Faperj) e da Financiadora de Estudos e Projetos (Finep). O valor chega a quase R$ 5 milhões.

Com o programa, o Brasil pode ser alçado à categoria de referência em reconhecimento facial digital. Segundo Feitosa, outras pesquisas desenvolvidas para essa tecnologia — encenada em produções de ficção-científica do cinema — estão em andamento pelo mundo, mas não há ainda nenhuma ferramenta que sirva para todas as aplicações sendo utilizada, como o programa brasileiro.

Raul coordena projeto que destaca o país em reconhecimento facialDivulgação

Base é projeto desenvolvido em 2009

O software de reconhecimento facial é a segunda fase de um projeto que começou em 2009. Na ocasião, foi elaborado um programa que vem sendo usado, há dois anos, pelo Detran-RJ. A tecnologia inicial permite identificar uma pessoa a partir de uma fotografia, e não de vídeo.

Para Antonio Carlos Censi, diretor da assessoria de Tecnologia da Montreal, o uso do software ultrapassa a área de segurança pública. “A face reproduzida poderia ser usada num check in para identificar o passageiro”.

Alvo tem que estar de frente

Chegar ao topo da tecnologia que permite a localização de faces com a ajuda de um banco de dados envolve uma série de problemas. Um deles é que a pessoa que aparece no vídeo tem que estar de frente para a câmera. A imagem do perfil de um bandido que assalta um banco, por exemplo, não é possível de reconstituir.

Mas para o subsecretário de Tecnologia da Secretaria de Segurança, Edval Novaes, o programa pode ser muito útil. “Sem dúvida nenhuma isso facilitará bastante o trabalho da polícia. A dificuldade que eu vejo é em cruzar essas informações com os bancos de dados”, disse Novaes.

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