Rio - Ninguém sabe, ninguém viu. Embora seja uma ação impossível de ser feita de forma discreta, seis vigas de aço, avaliadas em R$ 14 milhões, da demolição do Elevado da Perimetral, na Região Portuária do Rio, foram furtadas de um terreno que pertence ao Governo do Estado, no Caju. O crime foi comunicado, ontem à imprensa pelo prefeito Eduardo Paes, que classificou o episódio como “inacreditável”.
Ele exigiu providências da concessionária Porto Novo, que era a responsável pelo armazenamento das estruturas. “É um absurdo que isso tenha acontecido”, indignou-se.
Paes afirmou que se não houver recuperação das vigas, a Porto Novo terá que ressarcir a prefeitura. A Companhia de Desenvolvimento Urbano da Região do Porto do Rio de Janeiro (Cdur) também solicitou ao consórcio providências sobre o caso.
O crime teria ocorrido há dois meses, porém só foi constatado na última terça-feira.Ao todo, foram levadas seis vigas, de 40 metros e 20 toneladas, cada. O aço roubado daria para erguer duas torres Eiffel.
As estruturas estavam no local para serem reaproveitadas em outros patrimônios da prefeitura e, também, leiloadas a interessados no reaproveitamento. Em nota, a Porto Novo informou que “adotará todas as medidas cabíveis para apurar devidamente o caso”. Questionada, a empresa não informou se o caso foi registrado em delegacia. Até a tarde de ontem, a Polícia Civil não havia sido acionada.
Material tem uma vida útil quase eterna
Mesmo sendo uma estrutura da década de 1970, a Perimetral foi feita com material de alto valor comercial. As vigas de aço, por exemplo, teriam uma durabilidade peculiar.
Segundo o engenheiro Ildony Belley, um dos projetistas da estrutura, testes indicaram que cada viga perde apenas um milímetro de espessura em 180 anos, o que resultaria em uma vida útil “praticamente eterna”. O produto foi fabricado pela Companhia Siderúrgica Nacional (CSN) e conta com vanádio, um protetor contra corrosão, já que o elevado é próximo ao mar.
Um tesouro de R$ 280 milhões
As peças furtadas são parte das 26 mil toneladas de vigas de aço que serão retiradas dos mais de sete quilômetros do Elevado da Perimetral. De acordo com o Conselho Regional de Engenharia e Agronomia do Rio (Crea-RJ), ao todo, as estruturas metálicas têm um valor comercial, de no mínimo, de R$ 208 milhões.
Mesmo valiosa e com a “reputação” para a mobilidade, a edificação é avaliada, pela prefeitura, como prejudicial à ocupação da Zona Portuária, através do projeto Porto Maravilha, onde serão erguidos novos empreendimento imobiliários e de lazer.