Rio - Todo mundo sabe que ‘para bom entendedor, meia palavra basta’. No planeta PT, quando o diálogo já não é, exatamente, o melhor do mundo, muitas palavras ditas num momento de tensão só servem para atrapalhar. Caiu como uma bomba na executiva nacional do partido declarações atribuídas ao senador Lindbergh Farias sobre a possibilidade de ele oferecer no Rio palanque tanto para a presidenta Dilma Rousseff quanto para o governador de Pernambuco, Eduardo Campos (PSB).
“Ele (Lindbergh) meteu os pés pelas mãos. Essas declarações pegaram muito mal na direção nacional do PT”, disse um petista de alta patente ontem. Para esta fonte, não há qualquer risco de Lindbergh deixar de ser candidato ao governo do Rio: “Não tem mais jeito, ele é uma grande liderança”. Mas declarações assim geram certo desgaste: “Essa ansiedade dele vai minando a relação com a nacional. Demonstra insegurança. Ele tem que dar segurança ao eleitor.”
O presidente regional do PT no Rio, Jorge Florêncio, não ataca, mas marca posição. “Para o PT não existe a possibilidade de aventar palanque para dois candidatos à Presidência. Só temos uma candidata, que é Dilma Rousseff. Da mesma forma, Lindbergh é nosso único candidato a governador”, afirmou Florêncio ontem. Amanhã, ele vai com petistas fluminenses a São Paulo para discutir com o presidente nacional do partido, Rui Falcão, a possibilidade de o PT sair imediatamente do governo de Sérgio Cabral. A data prevista é 30 de novembro, mas, por conta dos confrontos da PM do Rio com professores em greve, a união está cada vez menos amigável.
O PT tem dois cargos no governo. O titular de um deles, o secretário de Assistência Social e Direitos Humanos, Zaqueu Teixeira, entrou ontem na polêmica em torno de Lindbergh e o PSB: “Nós não queremos sinais trocados. Ele (Lindbergh) precisa compreender que está no jogo nacional. Temos uma responsabilidade muito grande com a reeleição da Dilma.”
Irritado com a repercussão, Lindbergh preferiu ser didático ontem: “É um erro tratar Eduardo Campos como inimigo; como se trata o senador Aécio Neves. Eduardo é um possível aliado para o segundo turno. É um erro o PT proibir alianças estaduais. É claro que farei a campanha da presidenta. Mas não há problema que a chapa tenha alguém do PSB e que o vice ou o candidato ao Senado faça campanha para Eduardo.”
O quadro sugerido por Lindbergh é parecido com o que pode acontecer na capital, onde o prefeito Eduardo Paes (PMDB) e seu vice, Adilson Pires (PT), deverão estar em lados opostos na disputa pelo governo do Rio em 2014. Deverão.