Por tamyres.matos

Ri0 - A Sociedade de Ginecologia e Obstetrícia do Rio de Janeiro deve encaminhar, nesta quinta-feira, pedido ao Ministério Público do Rio e ao Conselho Regional de Medicina do Rio para investigar a morte de quatro bebês na Maternidade Municipal Amélia Buarque de Hollanda, no Centro, nas últimas duas semanas. Segundo a sociedade, a unidade é a que apresenta maior taxa de asfixia em bebês. Haveria 3,7 casos de sífilis neonatal para cada mil nascidos vivos: o aceitável pela Organização Mundial de Saúde é de um para mil.

Ontem, Carla Marins, que perdeu o bebê na última segunda, destruiu vidros e a recepção da maternidade com uma chave de roda. Ela foi ao local para buscar o prontuário do óbito, mas foi informada que o diretor da unidade tinha levado o documento para casa. “Assassinaram meu filho e não tinha ninguém para falar comigo. Perdi a cabeça”, declarou Carla, muito nervosa, na porta da 5ªDP, onde prestou queixa.

Carla e Marcelo%2C com a foto do bebê morto no parto%2C na Maternidade Municipal Amélia Buarque de HollandaErnesto Carriço / Agência O Dia

Segundo pais de outros recém-nascidos, que também estavam na 5ª DP, a maternidade insiste no parto normal ‘humanizado’. “ Minha esposa ficou 25 horas em trabalho de parto. Nós imploramos pela cesárea”, disse Felipe Martins. Ele é pai de Gabriela, falecida em março no mesmo local. “Aquilo lá é um açougue”, endossou Leonardo Freitas, pai de Isabela, morta em setembro. Segundo ele, médicos forçaram o parto por 16 horas, inclusive subindo em cima da barriga. “Alertamos que nosso primeiro filho nasceu de cesárea, pois ela não tinha passagem.”

A Secretaria Municipal de Saúde informou que está investigando o caso.

Prontuários cheios de erros

De acordo com pais que estavam na maternidade, a chefe da Polícia Civil, Martha Rocha, esteve na 5ª DP ontem e cobrou que a morte dos bebês seja apurada com rapidez. Eles também relataram erros nos prontuários médicos, também levados à delegacia.

No prontuário de Isabela, filha de Leonardo,os erros vinham desde a segunda linha: o sexo do bebê foi marcado como masculino. O nascimento de Gabriela, filha de Felipe, foi registrado como tendo acontecido dois dias antes, e o pai é dado como desconhecido.

Órgãos oficiais também discordaram. “O Instituto Médico Legal não concordou com o laudo que a maternidade deu para a morte da Marcela e fez mais exames”, indicou Felipe.

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