Rio - A megaoperação de combate ao maior esquema de corrupção em vistorias de ônibus, caminhões, táxis e vans no Detran-RJ já prendeu 88 pessoas nos 17 municípios do Estado desde o início da manhã desta sexta-feira. A operação ainda está em andamento e outras pessoas podem ser presas.
De acordo com o corregedor do Detran-RJ, David Anthony Alves, as prisões buscam acabar com as atividades ilícitas no órgão. "Com a operação, o Detran está limpando o seu quadro e acabando com a corrupção, que parece estar enraizada".
Uma mulher foi presa em Magalhães Bastos, na Zona Oeste. Outro preso, conhecido como Marcelinho Santa Cruz, é apontado como um dos articuladores da quadrilha e teria também envolvimento com a milícia de Santa Cruz, também na Zona Oeste.
A operação, chamada de Operação Cruzamento foi desencadeada pela corregedoria do órgão, pelo Ministério Público (MP), Delegacia de Repressão às Ações Criminosas Organizadas e Inquérito Especiais (Draco-IE) da Polícia Civil, com o apoio de delegacias distritais e especializadas. Mais de 500 agentes participaram da ação.
A ação visa cumprir 122 mandados de prisão e 35 de busca e apreensão em 17 cidades. Na capital, a ação acontece em 29 bairros. No total, 181 pessoas foram denunciadas pelos promotores Luiz Antonio Ayres, Claudio Varela e Marcus Vinicius Leite, das promotorias do Ministério Público de Santa Cruz, Barra da Tijuca e Campo Grande.
As denúncias são pelos crimes de associação criminosa, corrupção passiva, corrupção ativa, falsidade ideológica, falsificação de documento público, inserção de dados falsos em sistema informatizado e supressão de documento público. A Justiça requereu a prisão preventiva de 122 delas. Segundo o Detran, a quadrilha é formada por servidores públicos e prestadores de serviço do órgão, além de despachantes e 'zangões' (despachantes sem registro).
Em Magalhães Bastos, foi presa Mônica Generosa da Silva, de 45 anos. Contra ela havia mandados de prisão e de busca e apreensão. Também foram recolhidos alguns documentos em sua casa, na Rua Metalúrgico Jorge Alves da Silva. A acusada foi denunciada por apropriação indébita. A pena é de dois a 12 anos de prisão e multa.
Ela negou participação no esquema e disse que só levava ônibus de empresas para agendamento. A acusada disse ainda que trabalhava para despachantes. Os presos serão apresentados na Cidade da Polícia, no Jacarezinho.
Segundo o delegado e corregedor do Detran, David Anthony Alves, esse é o maior esquema de corrupção já detectado no órgão. A quadrilha agia em postos de vistoria de Santa Cruz, Campo Grande e Barra da Tijuca, na Zona Oeste; Ceasa (Irajá) e Vila Isabel, na Zona Norte; Belford Roxo e Nova Iguaçu, na Baixada Fluminense; São Gonçalo, na Região Metropolitana, e na sede, no Centro do Rio.
O esquema de fraude funcionava de forma regionalizada, com núcleos nas citadas localidades, com constante e efetiva ligação entre si. Escutas telefônicas comprovaram a ligação entre esses núcleos.
De acordo com as investigações da Corregedoria do Detran, propinas entre R$ 50 e mais de R$ 1 mil eram cobradas para liberar veículos irregulares, que variavam de acordo com o cliente, o grau de dificuldade da operação, dos fraudadores envolvidos ou com o quantitativo de serviços ilegais solicitado. A quadrilha ainda contava com a participação de um falsário, que adulterava documentos. Outras 59 pessoas foram denunciadas.