Rio - Vários manifestantes viraram um carro de reportagem de uma emissora na Avenida Lúcio Costa, na Barra da Tijuca, Zona Oeste da cidade, na manhã desta segunda-feira. Eles chegaram a atear fogo no veículo, mas os bombeiros conseguiram conter o princípio de incêndio. Uma repórter da emissora e um fotógrafo também foram agredidos pelos manifestantes.
Segundo a assessoria do Comando Militar do Leste, o ato foi uma tentativa de furar o bloqueio formado pela Força Nacional de Segurança no entorno do Hotel Windsor, onde é realizado o leilão do Campo de Libra, o primeiro do pré-sal brasileiro. Um carro de reportagem também foi atacado, o veículo chegou a ser pichado, mas já foi retirado do perímetro do protesto.
Muitos manifestantes atearam fogo em lixeiras ao longo da avenida. Bombeiros conseguiram controlar os focos de incêndios em frente ao Largo da Praça. Várias pessoas tentaram destruir os sinais de trânsito da via.
Agentes da Força Nacional lançaram spray de pimenta e bombas de gás para dispersar o tumulto.
Mais cedo, agentes da Força Nacional lançaram bombas de gás lacrimogênio e avançaram em direção aos manifestantes, provocando correria entre as cerca de 300 pessoas que estão no protesto. Pelo menos sete pessoas ficaram feridas, e, de acordo com o sindicato dos petroleiros, dois são da categoria.
Banhistas que estavam na praia ficaram em pânico e correram assustados com crianças e cadeiras nas mãos. A confusão teria começado após a grade de contenção ser derrubada. Alguns manifestantes estavam pendurados nelas antes do tumulto, mas negam que as tenham derrubado.
A área do hotel foi isolada na manhã desta segunda-feira para impedir a entrada de manifestantes contra a realização do leilão do Campo de Libra, o maior certame de petróleo da História do País, com reservas entre 8 e 12 bilhões de barris.
No local, o grupo gritava palavras de ordem contra o leilão e está com faixas e cartazes. Um carro de som também é utilizado pelo grupo, formado por integrantes da CUT, representantes de um movimento sem-teto e de partidos políticos.
Uma barreira de oficiais faz a segurança na frente do hotel. Ao todo, 1.100 homens reforçam a segurança na região, entre militares – do Exército e da Marinha – , policiais federais e estaduais, guardas municipais e funcionários públicos.
Cerca de 200 manifestantes também protestaram durante a manhã desta segunda-feira na Avenida Chile, no Centro, em frente à sede da Petrobras.
Primeira rodada de licitações
O Campo de Libra localiza-se no lado fluminense da Bacia de Santos, em área superior a 1.500 km². O pregão é a primeira rodada de licitações do pré-sal, que tem potencial de óleo recuperável de até 12 bilhões de barris por ano. Também demandará de 12 a 18 plataformas, e de 60 a 90 barcos de apoio, com investimento aproximado de US$ 180 bi (R$ 390,4 bi).
Os petroleiros são contra por considerar que se trata de uma quase privatização do petróleo nacional, porque a Petrobras ficará só com 30% do óleo extraído.
As recentes denúncias de espionagem feitas pelo governo norte-americano à estatal colocaram ainda mais lenha na fogueira. Movimentos sindicais afirmam que o país está ‘entregando seu ouro negro à especulação internacional’.