Rio - Apesar de o Bope ser uma das referências no país no treinamento de autoridades, magistrados e servidores do Tribunal de Justiça do Rio estão indo para a Flórida, nos EUA, fazer aulas de segurança pessoal. Uma escolha que tem provocado polêmica. Isso porque a tropa de elite carioca tem no seu currículo cursos ministrados justamente para juízes — não só do país, mas também dos EUA e de Israel.
O Conselho Nacional de Justiça (CNJ) está com um processo em andamento em relação a uma turma do Maranhão. A decisão vai embasar o posicionamento do órgão sobre o assunto. O curso ‘Judicial Swat’ é da empresa americana USPIT (United States Police Instructor Team) e feito nas instalações do Institute of Public Safety, no Condado de Lake. O vice-presidente é brasileiro. O nome dele é André Lopes. Em um release do curso, ele é apresentado como tenente-coronel, mas ao ser questionado sobre a instituição a que pertence, negou a informação.
Diferenças
Segundo Lopes, a USPIT vai abrir uma filial no Brasil. Sua base de operações ficará dentro da fábrica da Companhia Brasileira de Cartuchos (CBC), em São Paulo. Apesar disso, ele acredita que o curso na Flórida ainda sim se torna essencial: “Concordo que o Rio e os modos de segurança da cidade são diferentes de qualquer lugar do mundo. Mas lá (nos EUA), o aluno está inserido num ambiente do treinamento da melhor polícia, que é a americana. Isso a gente não vai ter no Brasil nunca”.
Os 18 magistrados, entre juízes de varas criminais e diretores de fóruns, e cinco servidores da área de segurança ficarão uma semana em imersão, a partir de amanhã. Segundo o TJRJ, o curso é recomendado pela Escola Nacional de Formação de Magistrados e pela Associação dos Magistrados Brasileiros.
Sindicato pede explicações ao Tribunal
Esta semana, o Sindicato dos Servidores do Poder Judiciário do Estado do Rio ( Sind-Justiça) encaminhou documento para o Tribunal pedindo explicações. Entre os questionamentos, eles querem saber a grade do curso e se há algum equivalente no país. “
Não tem nenhum sentido gastar dinheiro público com isso. Se eles não fosses bons, não teriam dado curso para magistrados americanos”, afirmou Alzimar Andrade, coordenador geral do Sind-Justiça. O Bope e a Swat guardam semelhanças históricas.
No curso que o batalhão de elite oferece a autoridades, são abordados gerenciamento de crises, negociação, mediação de conflitos e tiro tático. Segundo o TJRJ, o treinamento na Flórida fornece aos participantes teoria e treinamento prático em questões de grande relevância para sua segurança e da instituição onde atuam.
Ajuda de custo de R$ 7,2 mil
Com o curso para os magistrados e servidores, o Tribunal do Rio vai gastar R$ 64, 6 mil. Cada participante recebeu uma espécie de ajuda de custo de R$ 7,2 mil. Com esse dinheiro, eles têm que pagar passagens aéreas, alimentação e hospedagem.
A pedido do Sindicato dos Servidores da Justiça do Estado do Maranhão , o CNJ abriu processo para apurar o pagamento das diárias deste mesmo curso para magistrados de lá. O diretor -geral da Polícia Federal foi oficiado para dar informações sobre a existência de treinamentos similares no Brasil, e seus custos. Somente após esses dados, o processo vai à apreciação do plenário. A decisão respaldará o posicionamento do CNJ no país.