Por thiago.antunes

Rio - O Rio de Janeiro se despediu nesta sexta-feira de um de seus personagens mais curiosos: Jaime Dias Sabino, o Jaiminho, de 84 anos e que ficou conhecido como o maior papagaio de pirata do Brasil. Somente a enterros, de famosos e anônimos, ele foi a 1.153, de Getúlio Vargas a Oscar Niemeyer. E em todos apareceu em reportagens de TV.

Jaiminho participou, nesta sexta-feira, de seu último funeral: o dele próprio. E que era aguardado com ansiedade, segundo parentes e amigos. Tanto que só dormia de terno e gravata (tinha cerca de 200) para não dar trabalho aos coveiros caso morresse subitamente. Mas não foi o que aconteceu. O papagaio, como se apresentava, estava internado havia 45 dias e morreu devido a complicações sofridas após um infarto.

Ao lado do corpo, amigos inseparáveis que o acompanhavam em todos os funerais há mais de uma década. Luciano, Nil, Edson e Oséas estavam tristes. Jaiminho era o grande ídolo do quarteto. "Ele era o presidente do nosso sindicato. O Sindicato Clandestino dos Papagaios de Pirata", contou Nil Ramos Soares, 68 anos, seu sucessor na hierarquia da confraria fictícia.

Enterro de Jaiminho%2C o papagaio de pirata mais famoso do Brasil%2C realizado no cemitério do Caju. Outros papagaios famosos compareceram ao enterroFernando Souza / Agência O Dia

Funcionário da Prefeitura de Nilópolis havia décadas, onde ocupava o cargo de Assessor Especial Para Assuntos Externos, Jaiminho coleciava reportagens e casos curiosíssimos. Em 1989, no enterro da atriz Dina Sfat, tropeçou a caiu dentro da cova levando junto o futuro governador Marcello Alencar. Em 2003, teve o mesmo destino no funeral do ator Jorge Lafond,
após ser empurrado por um fã do artista.

"Tem gente que gosta de praia, outros de samba ou futebol. O Jaiminho gostava de eventos, de estar perto de gente famosa", conta o documentarista Alex Teixeira, que está prestes a concluir um documentário sobre o papagaio.

Jaime Sabino%2C o Jaiminho%2C era famoso por frequentar enterros de personalidades e aparecer em programas de TVJoão Laet / Agência O Dia

Parentes e amigos de Jaiminho misturavam a tristeza pela perda com uma dose de alívio. O presidente do Sindicato dos Papagaios de Pirata tinha o sonho de assistir ao próprio enterro. Certamente não iria gostar. Apesar da presença da imprensa, apenas 37 pessoas acompanharam o cortejo. Não havia outros papagaios a não ser seus discípulos.

Mas não foi um funeral como outro qualquer. Jamais seria. Após depositarem o corpo de Jaiminho numa das gavetas mortuárias do cemitério do Caju, os coveiros perceberam que haviam errado o local. Resultado: tiveram de enterrá-lo novamente. "Ficou bom para ele. Gostava tanto disso que acabou sendo enterrado duas vezes", disse um dos presentes.

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