Por cadu.bruno

Rio - O homem que agrediu o secretário municipal de Ordem Pública disse nesta quarta-feira que não se arrepende. Eduardo Fauzi reencontrou Alex Costa pela manhã durante nova operação da secretaria para fechar estacionamentos irregulares na Rua Sacadura Cabral, na Zona Portuária, e contou que estava no local para representar mais de 200 profissionais guardadores e carros e microempresários do ramo.

"Agressão muito maior é tirar o sustento de um cidadão. Um tapa no rosto desse sujeito foi pouco. Esse animal quer entregar o Centro para as grandes corporações. Ele só se aproxima de mim com vários homens em volta", afirmou Fauzi, que revelou estar sofrendo perseguição por não ceder a uma tentativa de extorsão no valor de R$ 50 mil.

Secretário Alex Costa é observado pelo seu agressor (de braços cruzados)Severino Silva / Agência O Dia

O agressor ainda provocou Alex Costa durante o rápido encontro. "Bom dia, secretário", cutucou. Nesta terça, Eduardo Fauzi foi preso em flagrante por lesão corporal, conduzido à 4ª DP (Praça da República) e liberado após pagamento de fiança.

Ele já colecionava antecedentes criminais por crime contra a ordem econômica, lesão corporal, formação de quadrilha, desobediência, calúnia e difamação, sendo investigado desde de agosto 2011 por formação de quadrilha em inquérito da 5ª DP (Gomes Freire). Fauzi está à frente da Associação de Guardadores de Carros da Rua São Miguel. “Apuramos condutas criminosas na exploração de estacionamento em área pública”, afirmou o delegado Alcides Pereira. A origem da investigação foi a denúncia do então subprefeito do Centro, Thiago Barcellos, que incluiu o envolvimento de uma milícia, formada por policiais civis e militares no negócio.

"Trabalhar pela ordem pública inclui não baixar a cabeça em um momento como esse. Muito mais grave que a agressão física é o ato de repúdio contra o exercício da legalidade e a violência contra a autoridade pública e a Prefeitura do Rio", salientou o secretário, que a acompanhou a ação desta quarta.

Alex Costa disse que fez registro na delegacia e que está tomando as medidas jurídicas contra o agressor, a quem definiu como "um imbecil completo".

Liberdade seria ‘justificável’

Embora choque, a liberdade do agressor poucas horas após a detenção pelo delito é justificável, sustenta o advogado Marcelo Queiroz. “Por mais que a imagem seja impactante e se trate de um secretário, a lesão corporal foi considerada de baixo potencial ofensivo. De forma isolada, não é motivo para prisão. Após a investigação, a pena pode ser convertida em serviços sociais ou pagamento de cestas básicas.”

No entanto, em caso de reincidência de crime da mesma espécie ou de comprovação de antecedentes criminais, o acusado não será beneficiado pela transição penal. “O acusado será processado criminalmente e o juiz poderá definir uma medida cautelar, que pode chegar à prisão preventiva”, conclui.

Avaliado em mais de R$ 5 milhões

A disputa pelo terreno na Região Portuária, que terminou em agressão, representa muito mais do que a luta pelos direitos da classe. De acordo com o site agenteimovel.com.br, o terreno de 1.605 metros quadrados e capacidade para mais de 200 veículos, na Rua Souza e Silva, está avaliado em mais de R$ 5 milhões, valor que deve aumentar com as obras de revitalização da região.

O ataque ao secretário foi um dos principais assuntos comentados ontem nas redes sociais. Além de críticas e apoio ao agressor, as palavras ditas pelo homem na hora de socar o secretário (“é mentira”) foram muito repetidas na rede.

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