Por adriano.araujo

Rio - O aluno Paulo Aparecido Santos de Lima, de 27 anos, do curso de formação de policiais para atuar nas Unidades de Polícia Pacificadora (UPPs), teve morte cerebral atestada por uma equipe médica do Hospital Central da Polícia Militar na noite desta segunda-feira, de acordo com a PM. Ele teria sido vítima de um suposto trote durante o curso, onde outros 33 alunos passaram mal e pelo menos 16 tiveram queimaduras.

Ele continua no CTI e respira com ajuda de aparelhos. Paulo foi internado há uma semana em estado grave com queimaduras nas mãos e nádegas, além de insolação aguda. Os quatro oficiais responsáveis pela turma foram substituídos, de acordo com a PM. Um Inquérito Policial Militar (IPM) foi instaurado para apurar o caso. Se comprovado excesso os oficiais serão responsabilizados.

Segundo denúncias em redes sociais, o aspirante da 5ª Companhia Alfa teria sido obrigado por quatro oficiais a se sentar por certo tempo no asfalto, apoiado pelas mãos, por volta do meio-dia, quando a sensação térmica era de 48º C. Outros colegas dele sofreram choques térmicos, pois os oficiais teriam jogado água gelada neles, mesmo suados, sob o sol forte.

“Só Deus sabe o que minha família está sofrendo. O sonho dele era entrar para PM e, graças a uma atitude de escravidão, falta de humanidade, o sonho dele está no CTI”, desabafou uma parente pela internet, que se identificou como Crislaine.

O trote teria se prolongado. Os oficiais teriam dado cinco minutos para 505 alunos beberem água em seis bicas e almoçar, o que levou parte da turma a passar mal. Uma dezena dos soldados, então, teria sido obrigada a ficar sentada no asfalto e fazer flexões. O presidente da Associação dos Cabos e Soldados da PM do Rio, Wanderley Ribeiro, classificou o episódio como ‘atos de tortura’.

“Vamos pedir explicações e detalhes dessa covardia por escrito e denunciar o caso ao Ministério Público e à Anistia Internacional”, adiantou Ribeiro. “Como formam policiais para lidar com comunidades como cães? E isso é recorrente”, afirmou.

Em nota, a PM alegou que ‘o aluno sofreu mal súbito enquanto estava em forma, junto com 490 alunos devido à alta temperatura’. “Seu quadro é estável, mas respira com auxílio de aparelhos. Os oficiais responsáveis pela turma foram substituídos. Um inquérito foi instaurado para apurar o caso”, diz o texto.

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