Rio - O secretário de Segurança Pública, José Mariano Beltrame, chamou de ‘homicídio’ o suposto trote que vitimou Paulo Aparecido Santos de Lima, de 27 anos, aluno do Curso de Formação de Soldados da Polícia Militar. O rapaz, que estava internado desde o dia 12, morreu na manhã desta sexta-feira Um inquérito foi aberto na corporação para investigar o caso, ocorrido no Centro de Formação e Aperfeiçoamento de Praças (Cfap), e todos os depoimentos de testemunhas serão acompanhados por promotores da Auditoria de Justiça Militar.
“Foi uma conduta abominável. Não compactuamos com esse tipo de atuação. Infelizmente, perdemos um policial militar. A PM já formou 7.100 policiais (para UPPs) e não tivemos problema nenhum. Mas, dessa vez, sem dúvida nenhuma, essa ação teve minimamente um excesso por parte de quem instruiu. Essas pessoas vão responder por esse homicídio, e o inquérito vai nos falar se foi doloso ou culposo”, disse Beltrame.
Na quinta-feira, a Alerj fará audiência pública para debater o caso. Os quatro oficiais responsáveis pelo treinamento foram afastados das funções até o fim do Inquérito Policial Militar. Testemunhas já foram ouvidas. A turma de Paulo tem 490 alunos, que serão distribuídos entre as Unidades de Polícia Pacificadoras (UPPs) do estado depois da formatura.
Paulo, que será enterrado neste sábado no cemitério de Engenheiro Pedreira, em Japeri, sofreu queimaduras nas mãos e nádegas, além de insolação aguda. Naquele dia, quando a sensação térmica chegou a 48 graus, ele teria sido obrigado a se sentar no asfalto quente, apoiado pelas mãos, por volta do meio-dia. Ao menos 33 outros alunos passaram mal, além de Paulo. Com morte cerebral atestada desde a última segunda-feira, no Hospital da PM, o coração do recruta parou de bater às 6h desta sexta.