Por nara.boechat

Rio - Responsável pelo controle de distúrbios nas ruas, entre eles a violência após manifestações e os arrastões nas praias do Rio, o Batalhão de Choque da Polícia Militar virou alvo de críticas dos próprios integrantes da unidade, que tem o maior efetivo da corporação, com 1.700 homens. Insatisfeitos com o excesso de trabalho e as precárias instalações de sua sede — o Regimento Marechal Caetano de Farias, no Estácio, que completou 100 anos em 2013—, PMs se queixam de supostas arbitrariedades cometidas pelo comandante, o tenente-coronel Márcio Oliveira Rocha, que nega tudo.

Viaturas depredadas estão inoperantes há meses no batalhãoDivulgação

No pátio do batalhão, 13 viaturas e duas motos depredadas, e pelo menos 15 carcaças de veículos, algumas desde 2001, causam indignação à tropa. O abandono do consultório odontológico é outro motivo de revolta. Fotos mostram fiações do gabinete dentário expostas e equipamentos jogados pelo chão.

Viaturas depredadas estão inoperantes há meses no batalhãoDivulgação

Sob o sol, sem água gelada

“Estamos sendo obrigados a trabalhar no nosso segundo dia de folga. Além do serviço estressante do batalhão, ainda nos escalam para atuar na Rocinha. Ninguém fala em pagamento de horas extras”, afirma outro policial.

Segundo as denúncias, Rocha proibiu que praças almocem no rancho vestindo uniforme de Educação Física. Ele teria impedido também que soldados tomassem água gelada, embora haja geladeiras e freezers no local.

“São casos típicos de abuso de autoridade. O ambiente tem moscas e baratas. Os poucos bebedouros existentes não funcionam”, diz um policial militar. Outro PM relata mais uma “aberração”: “A academia de musculação do quartel só pode ser usada por oficiais. Temos que fazer pesados exercícios sob sol escaldante”, diz, mencionando ainda as más condições de pisos, paredes e tetos do quartel.

Batalhão também tem gabinete odontológico e até bebedouros desativadosDivulgação

Comandante rebate acusações de PMs

O tenente-coronel Márcio Rocha, que assumiu o batalhão há apenas três meses, nega as denúncias de seus comandados. Ele alega que a proibição do acesso de PMs com uniforme de Educação Física ao rancho “tem fundamento em cuidados de saúde”.

“Não é razoável que PMs usem o refeitório em trajes de ginástica”, ponderou, garantindo que os policiais recebem em suas refeições “água ou refresco gelado” e que as geladeiras e freezers “se destinam a gêneros alimentícios”.

O comandante disse desconhecer queixas de infestação de insetos, afirmando que as dedetizações estão em dia: não informou, porém, a empresa que faz os serviço. Rocha confirmou que o consultório dentário está desativado. E que quem necessita de atendimento é encaminhado aos “órgãos de saúde da corporação”. Sobre a academia de musculação, ressaltou que é destinada a todos, “independentemente de postos ou graduações”. Segundo o comandante, horas extras são enviadas ao setor competente da corporação.

Márcio Rocha disse ainda que “a manutenção das viaturas depredadas está sob a responsabilidade da empresa contratada pela Secretaria de Segurança (a CS Brasil, do grupo Júlio Simões)”. Ele afirmou que a empresa vai acelerar o descarte de carcaças.

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