Rio - Não é de hoje que o termo ‘Clube da Luluzinha’ é usado quando um grupo de mulheres se reúne para tratar de assuntos ‘proibidos’ para homens. Na internet, o que era fofoca inocente materializou-se no ‘Lulu’, aplicativo restrito ao público feminino que julga e atribui notas aos rapazes de forma anônima. A nova ferramenta, febre entre as meninas e dor de cabeça para os homens, levanta discussões sobre invasão de privacidade e pode ter sérias consequências judiciais para quem usa e psicológicas para quem é ‘julgado’.
Nas redes sociais, a primeira petição contra o Lulu veio à tona nesta terça-feira. Um estudante de Direito de 26 anos entrou com uma ação contra o aplicativo. Ele se sentiu ofendido ao saber que foi avaliado como “mais barato que um pão com manteiga”, “bafo da morte” e “aparadinho”. Leonardo Vizeu, advogado constitucionalista da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB/RJ), disse que a iniciativa pode e deve ser seguida por quem se sentir lesado pela ferramenta.
“A Constituição garante proteção à intimidade e veda o anonimato. O sujeito exposto pode entrar com ação cível, por perdas e danos, ou penal, por difamação e crime contra a honra. O culpado pode pegar de 3 meses a 1 ano de detenção ou pagar multa de R$ 5 mil a 10 mil”, diz.
“Não gostei. Um aplicativo como esse pode gerar desconfiança entre o casal, além de dificultar as relações interpessoais, já que a ideia é ‘fugir’ dos meninos mal avaliados. Nada substitui o encontro cara a cara”, acredita. Já o designer Gabriel Gomes, 26, acha que o Lulu só reflete comentários da ‘vida real’. “Quem não deve não teme. Se uma menina deixa de ficar comigo por comentários dos outros está me fazendo um favor”, diz.
Mas nem todos são tão confiantes. Um universitário que não quis ser identificado criticou: “Pessoas falam mentiras sobre mim publicamente e eu não tenho nem direito de saber quem são? Isso é injustiça”.
O site em inglês pode ser traduzido para português.
Outra alternativa é enviar um e-mail, indicando seu perfil para iwantout@lulu.com e esperar que os responsáveis pelo aplicativo retirem-no do ar.