Por thiago.antunes
Rio - O delegado titular da 21ª DP (Bonsucesso), José Pedro da Costa, indiciou, nesta quinta-feiram, cinco policiais militares da UPP Manguinhos por homicídio qualificado pela morte de Paulo Roberto Pinho de Menezes, de 18 anos, ocorrida em outubro na comunidade.
Segundo o delegado, o laudo do Instituto Médico Legal (IML) concluiu que a morte do jovem foi provocada por asfixia mecânica.
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Testemunhas narraram agressão

As investigações sobre a morte do jovem Paulo Roberto Menezes, no dia 17, em Manguinhos, ganharam uma nova pista. Segundo o advogado da Comissão de Direitos Humanos da OAB Luiz Peixoto, uma das testemunhas intimadas a depor ainda não teria se apresentado à 21ª DP (Bonsucesso). A testemunha diz ter visto cenas de violência cometidas por policiais da UPP contra o rapaz, pouco antes de sua morte e, agora, estaria sendo ameaçada de morte por policiais.

Segundo o advogado, a testemunha ainda não depôs: “A pessoa, que é condenada, temia ser presa. Agora, por medo das ameaças, pretende se entregar, e vê no depoimento a única maneira de ficar viva, já que é testemunha ocular de uma versão diferente da apresentada pelos policiais, na qual Paulo Roberto teria sofrido um mal súbito”, disse o advogado.

Em relato concedido à Comissão de Direitos Humanos, a testemunha define a abordagem policial como truculenta e diz ter visto o jovem sendo golpeado várias vezes por ter discutido com um dos homens. “Dois PMs participaram das agressões com socos, chutes e uma coronhada no rosto. A cabeça dele foi desferida três vezes contra a parede. Levei um soco na cara por ter tentado defender”, narrou.

Pano no rosto

De acordo com o depoimento, as agressões só teriam terminado após Paulo Roberto ter caído desmaiado. A testemunha diz ser capaz de reconhecer os agentes. Um pano teria sido usado para cobrir o rosto do rapaz. Mesmo assim, segundo ele, a vítima ainda respirava quando foi posta no carro da PM e levada para a UPA.
Morte de jovem morador de Manguinhos mobilizou a comunidadeEstefan Radovicz / Agência O Dia

Em nota, a Polícia Civil disse que ouvirá novas testemunhas, policiais do plantão e aguarda laudos periciais para concluir as investigações. Moradores de áreas pacificadas que forem alvo de ameaças e quiserem denunciar podem ligar para o Disque UPP (21) 2334-7599 ou para o telefone da ouvidoria das polícias Civil e Militar (21) 3399-1199.

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Mãe critica policiais
Inconformada, a mãe da vítima, Fátima Menezes, diz que as ameaças se tornaram parte do dia-a-dia na comunidade. “Chegaram a apontar uma arma contra minha filha de 13 anos e, quando voltamos do enterro do Paulo Roberto, PMs fizeram sinal de degola para moradores que protestavam pacificamente”, garante.
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Um amigo da vítima, que prefere não se identificar, diz que o caso se tornou referência entre os policiais. “Passam e dizem: ‘vai terminar igual ao amigos de vocês’”. Segundo a Coordenadoria de Polícia Pacificadora, o comandante da UPP de Manguinhos, Gabriel Toleto, se reuniu com moradores segunda-feira para ouvir as denúncias. Os policiais envolvidos nos relatos permanecerão afastados das funções até o fim do procedimento apuratório.