Por thiago.antunes
Rio - Apesar dos esforços para implantar tecnologia na Segurança Pública, em alguns setores ela não funciona. Exemplo disso são os carros da Polícia Civil comprados para os Jogos Pan Americanos do Rio em 2007. Após mais de seis anos de uso e ainda presentes na frota de municípios da Baixada Fluminense e Região Metropolitana, as viaturas possuem uma peculiaridade: os computadores de bordo nunca funcionaram.
A denúncia remete a mais um caso de desperdício de dinheiro público. Compradas no ano dos jogos, 140 viaturas foram doadas pelo Ministério da Justiça ao Estado do Rio. Na época, somadas a outras compras, as doações custaram R$ 6,9 milhões aos cofres públicos. Há algumas semanas, O DIA mostrou a falta de vistorias anuais dos carros da Civil e da Polícia Militar, além de um cemitério de veículos abandonados em Campo Grande que um dia foram usados em delegacias do Rio.
Computadores de bordo integram em vão carros recebidos em 2007. Equipamentos custaram%2C junto a outros%2C R%24 6%2C9 milhões aos cofres públicosDivulgação

Em 18 delegacias da Baixada, por exemplo, circulam 22 viaturas. Em nenhum dos casos, o computador de bordo foi usado. E pior, há casos em que o equipamento foi retirado para acomodar policiais altos. “Desde que esses carros chegaram às delegacias, os computadores só serviram para enfeitar ou atrapalhar. Disseram que havia problema na rede integrada ou internet. O incrível é que não recebemos um curso sequer para mexer”, relatou um policial, sem se identificar.

Para o presidente do Sindicato dos Policiais Civis (Sinpol), Fernando Bandeira, a situação é grave. Além da falta de serventia, o uso indevido do dinheiro público deve ser debatido e questionado. “Por que ninguém resolveu o problema? É mais um caso onde se gasta sem necessidade. E todos os envolvidos ainda acabam sendo negligentes”, reclamou Bandeira.

A Secretaria de Segurança Pública informou, por e-mail, que as explicações sobre o caso deveriam ser dadas pelo Ministério da Justiça.Por sua vez, o ministério não respondeu as questões após ser questionado dia 18, por email, e nesta sexta-feira, por telefone.

Gatos se abrigam em viatura sem manutenção do Batalhão de ChoqueDivulgação

Carros sem vistoria e apodrecendo

No dia 11, O DIA mostrou que de 32 veículos da frota atual da Civil — entre Sandero, Megane, Gol, L200 Triton, Frontier, vans e ônibus —, analisados de cinco delegacias, nenhum possuía licenciamento anual, o que quer dizer que não passaram por vistorias e, portanto, rodavam irregularmente. O mesmo problema já havia sido denunciado com relação aos carros da PM.

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A equipe de reportagem visitou, no dia seguinte, o galpão da Polícia Civil na Rua Cesário de Melo, ao lado da Delegacia de Atendiemtno à Mulher (Deam). Ao relento, centenas de antigos carros da corporação, muitos já depenados, ‘apodrecem’ empilhados e ainda abrigam mosquitos, ratos e até mesmo cobras. É risco ao meio ambiente.
Carcaças no Batalhão de Choque da PM
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Quem também reclama da derrapada de viaturas são os policiais do Batalhão de Choque. No pátio do batalhão, 13 viaturas, duas motos depredadas, e 15 carcaças de veículos, algumas desde 2001, causam indignação à tropa. As denúncias foram mostradas na edição do dia 24. Imagens mostram até gatos se abrigando dentro dos carros abandonados. O tenente-coronel Márcio Rocha, disse que a empresa CS Brasil, do grupo Júlio Simões vai acelerar o descarte de carcaças.
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