O jovem tinha ido ao Teatro Odisseia, na Lapa, com um grupo de 15 colegas. Eles foram comemorar aniversário de um amigo e se despedir de Conrado, que trocaria de emprego. O rapaz tinha deixado a loja Taco, do Norte Shopping, e começaria esta semana na Redley, em Madureira. Na volta, sete amigos se dividiram em dois táxis e, como Conrado era o único que morava longe, ficaria caro para voltar para casa. Por isso, ele resolveu pegar um ônibus.
A arma usada para matar o rapaz, segundo o delegado Clemente Braune, da Divisão de Homicídios, foi “uma faquinha serrilhada usada para cortar pão”. A lâmina tem 12 centímetros. A polícia suspeita que Conrado estava lanchando quando foi abordado. Ao lado do corpo, foi encontrado um cachorro-quente pela metade. “A gente acredita que, pela localização, foram mesmo usuários de crack”, disse o delegado, que já solicitou imagens das câmeras de monitoramento de prédios comerciais da região. Seis pessoas foram ouvidas: o pai, o motorista Jorge Bonfim, 64 anos; dois PMs e três testemunhas.
“Meu irmão queria juntar dinheiro para a pagar a faculdade. Não acreditei quando um vizinho me avisou que ele tinha morrido. Alguém viu na internet. A gente não achou estranho ele demorar a chegar porque ele disse que iria dormir na casa de um colega”, contou, aos prantos, Caio, irmão gêmeo de Conrado, no IML.
Neste domingo à tarde, ao contrário dos demais dias, duas viaturas estavam paradas próximo ao posto policial da Avenida Chile. A PM informou que, no momento do crime, dois policiais estavam na cabine. A corporação não informou quantos PMs fazem patrulhamento na região, mas disse que o 5º BPM faz rondas e nos fins de semana recebe reforço dos batalhões em Áreas Turísticas e do Choque.
No final de outubro, um grupo de mais de 30 pessoas iniciou roubos em série por volta das 5h, próximo aos Arcos da Lapa. Dois homens foram agredidos durante o arrastão. Alguns frequentadores contaram que não havia policiamento no momento da confusão e que a cabine da PM perto do local estava vazia. No mês passado, 107 pessoas foram detidas na Lapa em uma só noite. Entre elas estavam 57 menores. A operação foi realizada após denúncias de moradores e frequentadores do aumento de roubos na região.
Viciados praticam assaltos e atacam pedestres na Avenida Chile, de dia e à noite
Os usuários das linhas de ônibus que fazem ponto final ao longo da Avenida República do Chile, no Centro, se sentem bastante inseguros, seja durante o dia, como à noite. Não é raro os passageiros, enquanto esperam a partida do ônibus, presenciarem assaltos e pessoas consumindo crack na via. É o caso do cozinheiro Junivaldo Romeu Correa, de 36 anos.
Morador de Cosmos, na Zona Oeste, ele diariamente deixa o restaurante onde trabalha, em Copacabana, e pega o ônibus da linha 358 (Cosmos-Carioca). “Uma vez vi dois homens roubarem o tablet de uma mulher. A sorte é que um policial à paisana pasava na hora e viu, prendendo os dois”, conta ele.