Por thiago.antunes
Duda%2C na Rocinha%3A ‘Fiquei com a cara no chão e um fuzil na cabeça. Me acusaram de ter trocado tiros com eles’José Pedro Monteiro / Agência O Dia

Rio - Nos becos da Rocinha, moradores afirmam que os abusos policiais ainda prevalecem nas abordagens. Mesmo diante das conclusões sobre a tortura e morte do pedreiro Amarildo de Souza nas dependências da UPP, a postura policial na comunidade pacificada não estaria distante da adotada na fatídica noite de 14 de julho. O líder comunitário Carlos Eduardo Barbosa, o Duda, denunciou que foi ameaçado sexta-feira, antes de ter a casa invadida por PMs. Em nota, a corporação afirma que a “corregedoria irá instaurar procedimento apuratório para averiguar a conduta dos policiais”.

No relato sobre o suposto abuso de autoridade, na 15ª DP (Gávea), Carlos, que acompanhou familiares de Amarildo à delegacia à época do sumiço, contou que 10 policiais do Batalhão de Choque o abordou, por volta das 16h40, na escada de casa, no Beco 1 da Rua Dois. “Um PM chegou falando que, se eu não descesse, iria atirar. O outro gritava: ‘Atira nele!’. Fiquei com a cara no chão e um fuzil na cabeça. Me acusaram de ter trocado tiros com eles. Procuravam uma pistola. Aí, invadiram minha casa sem mandado”. Sem provas, os PMs foram embora. A reclamação foi feita à Ouvidoria da corporação.
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O risco não está só nas abordagens. Em 29 de novembro, um tiro, que teria sido disparado por policial, atingiu a janela do quarto da filha de Duda e parou na parede. “A sorte é que ela estava na casa da avó, pois veio na altura da cabeça.”
Outro morador afirma que levou socos e pontapés
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O relato de truculência que teria ocorrido no dia 7 envolve policiais da UPP da Rocinha, e não do Batalhão de Choque. Quando seguia para o trabalho, um morador teria levado socos, tapas e pontapés de PMs. O caso também está registrado na 15ª DP. Quem vive na comunidade, principalmente nos becos que seguem para a localidade da Roupa Suja, onde ainda existe tráfico de drogas, garante que a busca agressiva da polícia, principalmente por armas, criou atrito com moradores.
Tiro quebrou janela do quarto da filha do líder comunitário%2C dia 29José Pedro Monteiro / Agência O Dia

“Passo a noite acordada sem conseguir dormir. E, quando pedimos para os PMs tomarem cuidado, eles nos xingam. Por isso vou sair daqui”, avisou, inconformada, uma moradora, que não se identificou.

Oficial da PM terá de dar detalhes sobre operação

O comandante do Batalhão de Choque, tenente-coronel Márcio Oliveira Rocha, recebeu ofício da 15ª DP para esclarecer detalhes da operação do dia 13. Testemunhas estão sendo identificadas. Já sobre o caso envolvendo homens da UPP, no dia 7, policiais prestaram depoimento.
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O comando da UPP informou que, após serem ouvidos na delegacia, os policiais negaram participação no episódio. E enfatizou ainda que toda informação passada sobre excessos cometidos em abordagens policiais é investigada. Além disso, qualquer denúncia pode ser feita, sob sigilo absoluto, à Ouvidoria da PM (3399-1199).
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