Por thiago.antunes
Rio - Dois médicos do Hospital Municipal Salgado Filho, no Méier, foram indiciados na tarde desta sexta-feira pela 23ª DP (Méier) pelo homicídio da menina Adrielly dos Santos Vieira, 10 anos, atingida por uma bala perdida em dezembro do ano passado. O chefe da neurologia da unidade, José Renato Ludolf Paixão, e o chefe do plantão, Enio Eduardo Lima Lopes, vão responder pelo crime de homicídio culposo.
De acordo com o delegado Luiz Archimedes, titular da 23ª DP (Méier), José Renato foi responsabilizado, pois o médico Adão Orlando Crespo Gonçalves avisou a ele que iria faltar o plantão e ele não escalou outro profissional. Ainda segundo o delegado, Enio ficou sabendo da falta de Adão e não fez nada para suprir o atendimento no hospital.
Médico Adão Crespo foi indiciado em janeiro por falsidade ideológica e estelionatoMaíra Coelho / Agência O Dia

O delegado informou que o inquérito foi relatado e será encaminhado, ainda nesta sexta-feira, ao Ministério Público.

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Em janeiro deste ano a Delegacia Fazendária (Delfaz), havia indiciado o médico Adão Orlando Crespo Gonçalves por falsidade ideológica e estelionato contra a administração pública. Na ocasião, Francisco Doutel, médico que trabalhava no lugar de Adão, recebendo a quantia integral do salário pago ao neurocirurgião, foi indiciado pelo crime de estelionato contra a administração pública. Outros seis médicos também estão respondendo por crime de condescendência criminosa contra a administração pública.
Entenda o caso
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Na noite de natal de 2012, Adrielly havia sido atingida por uma bala perdida em frente a sua casa, na comunidade Urubuzinho, em Pilares, Zona Norte do Rio. Os pais da criança a levaram para o Hospital Salgado Filho, onde esperaram oito horas por atendimento. A menina teve morte cerebral uma semana depois. 
À época do enterro, em clima de revolta e comoção, o pai da menina, Marco Antonio Vieira, desmaiou e não conseguiu acompanhar o cortejo. “Tinha esperança que ela sobrevivesse, mas acabou o sofrimento. Queria saber se esse médico chega em casa e consegue ter paz. Ele é um delinquente”, disse Marco, usando o mesmo adjetivo com o qual o prefeito Eduardo Paes se referiu ao médico
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A mãe, em estado de choque, foi ao cemitério e não conseguiu forças para enterrar a criança. A irmã de Adrielly, de apenas 8 anos, chorou muito.
"Quero saber se esse médico consegue chegar em casa e ter paz", indagou o pai de vítima, reforçando ainda que tinha esperanças de a filha sobreviver e que irá entrar na Justiça contra o Estado.