'Nasci de novo no primeiro dia do ano', diz jovem ferido em tiroteio em Copa
Agressor brigava com a mulher e tomou a arma de um dos policiais que apartaram a confusão. Ao todo 12 pessoas ficaram feridas
Por bianca.lobianco
Rio - O garoto de 15 anos que foi baleado durante tiroteio em Copacabana na madrugada desta quarta-feira, pouco antes do show pirotécnico, disse que estava vendendo bebidas com a sogra quando o estoque acabou e foi buscar mais produtos no carro.
Ele foi atingido no ombro quando policiais tentatavam conter Adilson Rufino, de 34 anos. O homem tentava sufocar sua mulher quando policiais interferiram. Ao ser imobilizado, o agressor arrancou a arma do coldre de um dos policiais e começou a atirar a esmo, na esquina da Rua República do Peru com a Avenida Nossa Senhora de Copacabana. Na ocasião, 12 pessoas foram baleadas.
Renato Resse afirmou que viu a confusão, mas pensou que o primeiro disparo fosse barulho de fogos. "Vi as pessoas deitando no chão. Quando me agachei, o tiro pegou no meu ombro. Percebi que estava sangrando e comecei a pedir socorro", disse. O jovem que realtou o desespero das pessoas, correndo de um lado para o outro por conta da quantidade de tiros. "Nasci de novo no primeiro dia do ano", afirmou. O jovem foi encaminhado para o Hospital Miguel Couto, na Gávea, e já foi liberado.
Uma das vítimas baleadas, Carolina Salles, de 19 anos, que estava acompanhada do marido Diogo Lima Gomes, do filho de 4 anos e da filha de 8 meses, foi atingida na perna. A comerciante Valdiceia Lino Gomes, 50 anos, sogra de Carolina, esta foi a primeira vez que o casal e os filhos passaram o Réveillon de Copacabana. "Estava em casa tranquila quando meu filho me ligou. Foi um desespero. Tenho certeza que foi a primeira e será a última vez no Réveillon de Copacabana", disse Valdiceia.
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Tiroteio deixa doze pessoas feridas, segundo a PM
O tiroteio começou quando policiais militares atenderam ao pedido de socorro de uma mulher que estava sendo agredida pelo marido. Rosilene de Azevedo, 37 anos, contou que seu marido, Adilson Rufino já havia bebido muito quando começou a sufocá-la por ciúmes na frente dos dois filhos do casal, que estão entre os feridos. "Ele perdeu o controle, se transformou", disse. O homem levou vários tiros e foi operado no Hospital Miguel Couto, na Gávea. O estado de saúde dele é estável.
De acordo com PMs, ao ver que o marido agredia a mulher, alguns homens - entre eles o comandante do 19º BPM, teriam entrado em luta corporal com o agressor. Apesar de imobilizado, Adilson conseguiu tomar a arma do oficial e começou a atirar no meio da rua. Os PMs começaram a disparar contra Adilson, provocando correria. O comandante do 19º, um sargento lotado na Diretoria Geral de Pessoal (DGP) que estava de folga e um agente da Guarda Municipal também foram atingidos. Eles foram socorridos no Hospital Central da Polícia Militar (HCPM). O comandante Santana foi liberado durante a madrugada após ser atendido no Hospital Copa D'or.
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Entre os outros feridos estão uma criança de 7 anos baleada no tórax, uma de 60 e a operadora de call center Lucy Silva, de 43 anos. Todos passam bem.
Mulher agredida por marido acusa polícia de truculência
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A mulher que estava sendo agredida pelo marido disse que os policiais foram truculentos."Houve excesso. Vários PMs agrediram um homem sozinho e nem assim tiveram sucesso. Foram pelo menos 10 disparos no meio de uma via pública", disse Rosilene, em lágrimas. A moradora de Petrópolis afirmou que estava no Rio apenas para o Réveillon. "Meus filhos terão que conviver para sempre com esta cena". De acordo com ela, Adilson nunca a agredira antes. De acordo com os PMs, o Adilson portava cocaína.
Minutos antes de ser baleado, em entrevista ao DIA , o comandante definiu o evento como uma 'calmaria'. "Tivemos poucas ocorrências. Todas isoladas, sem arrastões ou algo do tipo. A maioria de furtos de cordões, joias e celulares. Um sucesso para as proporções do evento", disse.