Disque-Denúncia dá recompensa pela prisão de 32 acusadas de vários crimes, a maioria por tráfico
Por tamyres.matos
Rio - Atrás de todo grande homem existe uma grande mulher, prega o ditado popular. A ideia parece ter sido adaptada por bandidos e reflete o aumento de mulheres com um papel cada vez mais decisivo nas quadrilhas que dominam favelas do Rio e que são procuradas pelo Disque-Denúncia (2253 -1177). Há oferta de recompensa por informações sobre o paradeiro de 32 delas.
A maioria é acusada de envolvimento com o tráfico de drogas em comunidades carentes. É o maior índice de procuradas desde a inauguração do serviço, há 13 anos. “Antigamente, essas mulheres eram ligadas emocionalmente aos traficantes. Hoje, trabalham no tráfico e em posições de destaque”, observa Zeca Borges, coordenador do Disque-Denúncia.
A história do traficante Alexandre Bandeira de Melo, o Piolho, comprova. Em abril do ano passado, o chefão do tráfico no Morro do Dezoito, em Água Santa, foi preso em Jacarepaguá com a mulher, Renata Martins Cavalare.
Mas ela não era a única na vida de Piolho. Numa tentativa de resgatar o traficante no Fórum de Bangu, há dois meses, que culminou com a morte de criança de 8 anos e de um PM, a participação de uma mulher seria decisiva.
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A professora de Educação Física Marcele Rosângela Leon Rosas, que seria amante do traficante, segundo a polícia, levaria arma até o criminosos. O plano foi contado pelo próprio Piolho à Divisão de Homicídios. Na noite de 20 de dezembro, Marcele foi presa em Piedade. Mas resistiu à captura e tentou lutar com agentes da Polinter. Algemada, ela exibia tatuagem com o nome do bandido no pulso direito.
Em 2009, o Disque-Denúncia ofereceu R$ 1 mil por informações sobre Andrea de Carvalho Padilha e seu amante, Sebastião Alexandre Dantas, condenados pela morte do sargento do Exército Alexsandro Brito Padilha, executado com dois tiros na cabeça numa emboscada, em 2001.
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Em setembro de 2011, a advogada gaúcha Heloísa Borba Gonçalves, a Viúva Negra, também entrou na lista. Ela foi condenada a 18 anos de prisão pelo assassinato do marido, a marretadas. Ela tem o maior valor de recompensa do Disque-Denúncia: R$ 11 mil.
Substituição de Celsinho
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A relação de confiança entre chefões do tráfico e suas mulheres não é uma postura só de Piolho. A mulher do traficante Celso Luiz Rodrigues, o Celsinho da Vila Vintém, preso há 12 anos, tem ‘status’ no tráfico de drogas. Há três anos, Deise Mara de Souza Rodrigues assumiu o comando do tráfico na Vila Vintém, segundo a polícia. Ela está foragida desde maio de 2011, quando teve prisão preventiva decretada pela 4ª Vara Criminal.
A morte não põe fim ao elo entre o traficante e a mulher. Natália Rodrigues e Alessandra Pinto Pinheiro, mulher e amante de Márcio Sabino Pereira, o Matemático, morto em maio de 2012, foram presas, acusadas de lavagem de dinheiro e associação para o tráfico. São suspeitas de integrar bando que lavava dinheiro com compra de imóveis do Minha Casa, Minha Vida. O número de mulheres procuradas aumenta, e o de presas, diminui. O Sistema Integrado de Informações Penitenciárias registrou 1.786 detentas em dezembro de 2011. Um ano depois caiu: 1.685.