Propaganda de ‘venda’ de negros em site causa indignação
Ministério Público pode requerer instauração de inquérito
Rio - Negros com diversas utilidades: R$ 1,00’. O anúncio da venda, com a foto de duas crianças, foi publicado no site ‘Mercado Livre’ e permaneceu acessível até esta segunda-feira, quando a empresa de comércio virtual o retirou do ar depois de avalanche de críticas em redes sociais. A propaganda descrevia que ‘eles serviriam como carpinteiros, pedreiros, cozinheiros, seguranças de boates, vassoureiros, garis e faxineiros’.
A denúncia do racismo foi encaminhada à Polícia Federal por integrantes do blog ‘blogueirasnegras.org’, que postou a informação na noite de domingo. Em poucas horas, recebeu mais de 1.700 comentários de pessoas chocadas e revoltadas. Uma delas, para ter acesso aos dados do vendedor, ‘comprou’. O vendedor está registrado como ‘SnoopDog 2133043041 sdog.my0bp9@mail.mercadolivre.com’.
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O link foi encaminhado à 26ª Promotoria de Investigação Penal, que cuida de crimes na internet. O promotor vai analisar o caso e, se necessário, requerer a instauração de inquérito na delegacia.
O ‘Mercado Livre’ emitiu nota de repúdio: “O anúncio foi retirado do ar assim que denunciado pelos próprios usuários do site, conforme nossas regras e, também, pela inadequação completa aos Termos e Condições de Uso do Mercado Livre. Todos os anúncios publicados no site possuem um botão de Denúncia para que qualquer pessoa possa apontar práticas irregulares ou que causem algum dano aparente”.
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Maria Rita Casagrande, responsável pelo ‘blogueirasnegras’, afirmou que essa foi a quinta vez que viu no ‘Mercado Livre’ anúncio relacionado a racismo, quase sempre vendendo negros como se fossem mercadorias.
A presidente do Conselho Estadual dos Direitos dos Negros, Ivonete Silva de Mendonça, disse que tentará impedir o site de aceitar anúncios racistas. Em março do ano passado, outro link de venda chocou a opinião pública, no Paraná: ao que tudo indicou na época, o colega de um adolescente postou a foto dele num anúncio no ‘Mercado Livre’ que dizia: “Negro africano legítimo. Único dono. Bom estado de saúde. Preço a combinar”. E exibia as qualificações: “Negro negroso, bom para serviços domésticos, braçais, pedreiro e etc (sic)”.
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