Por tamyres.matos
Rio - Em seu site, a Fundação Parques e Jardins define o Campo de Santana como um “oásis no movimentado Centro do Rio”. Só que a palavra ‘oásis’ remete a um paraíso ou refúgio em meio ao caos. Algo que os jardins, projetados pelo francês Auguste Glaziou e inaugurados em 1880, passam longe de ser atualmente. Ponto de consumo de drogas e local onde moradores de rua fixaram residência, a área de 155.200 m² — habitat de diversas espécies animais e vegetais raras — agoniza com a falta de manutenção, limpeza e segurança.
Amedrontados, antigos frequentadores hoje evitam a região. “Após às 17h, poucos se aventuram a atravessar para o outro lado. Gangues de pivetes usam o local como rota de fuga depois de cometerem assaltos na Central do Brasil. E é possível ver frequentemente pessoas usando drogas sem serem incomodadas”, diz a vendedora ambulante Laila de Oliveira.
Moradores de rua tiram um cochilo nos bancos do Campo de Santana%3A o retrato do abandono de um local que era para ser o ‘oásis’ do CentroPaulo Araújo / Agência O Dia

Por lá, enquanto moradores de rua dormem em bancos deteriorados sob a sombra de figueiras seculares, quem se aventura a caminhar pelas trilhas tem que desviar do lixo que se espalha pelo chão e enfeia a paisagem. Situação pior, no entanto, pode ser vista nos córregos, onde o espelho d’água fica parcialmente coberto.

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“Quem ajuda na limpeza são os catadores de papelão. Tem dias em que saem com os carrinhos abarrotados e faturam alto. Não fossem eles, sei não.” diz o empresário Jorge Almeida, dono de uma loja na Rua da Constituição.
Restos de comida e até lixo hospitalar por lá deixados são comidos por gatos, cutias e pássaros. Este seria o motivo, segundo funcionários, do alto número de animais encontrados mortos. O mato alto, que chega a meio metro em vários pontos, facilita a procriação de ratazanas. O frequentador que sentir vontade de ir ao banheiro depois do passeio também passará por apuros. Os sanitários costumam estar trancados a cadeado.
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Um situação lamentável para um local que foi palco de momentos históricos, como a proclamação da República, em 1889, e as manifestações pela Revolta da Vacina, em 1904.
Contrato de limpeza está expirado
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De acordo com a Fundação Parques e Jardins, a limpeza da sujeira nas fontes e córregos do local era feita por uma empresa terceirizada, cujo contrato expirou em agosto do ano passado. Em função disto, o serviço vem sendo feito por funcionários deslocados em caráter excepcional. A situação deve ser regularizada dentro do orçamento deste ano.
Em relação à segurança, a Polícia Militar não informou com qual efetivo monitora o entorno do parque. Já a Guarda Municipal diz contar com 30 guardas no apoio à PM e proteção de bens, serviços e instalações municipais, em toda região da Central do Brasil.
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Responsável pela população de rua, a Secretaria Municipal de Desenvolvimento Social diz trabalhar no convencimento das pessoas que vivem nas imediações do Campo de Santana, para serem encaminhadas para atendimento social, tratamento de saúde, retirada de documentos, reinserção familiar, inclusão em programas de transferência de renda e de oferta de emprego.