Rio - Uma polêmica envolvendo a investigação do caso Santiago Andrade, atingido por um rojão durante manifestação no Centro do Rio, na última quinta-feira, tomou conta do Facebook nesta terça-feira. O cinegrafista da TV Bandeirantes teve morte cerebral declarada nesta segunda-feira. No mesmo dia, a Polícia Civil divulgou a foto e o nome do acusado de disparar o explosivo.
No entanto, usuários da rede social não acreditam que a foto divulgada seja a do verdadeiro autor do crime. Um dos argumentos é de que nas imagens registradas por inúmeras câmeras, o homem que acendeu o rojão é branco, porém, a foto do foragido é de um negro, identificado como Caio Silva de Souza, de 23 anos.
Uma montagem que está sendo compartilhada na rede social mostra a ativista Elisa Quadros, a Sininho, abraçada com seu namorado, conhecido como Game Over, quando foi presa em uma manifestação ocorrida em outubro do ano passado. O homem é branco e usa barba, feições parecidas com a Caio Silva de Souza, 26 anos, professor de História, morador de Vila Velha, no Espírito Santo, e homônimo do jovem procurado pela polícia. Sua foto de perfil aparece na imagem e o coloca como possível culpado pelo crime. A montagem foi compartilhada por diversos perfis, somando milhares de interações.
O rapaz dá aula em escolas da Prefeitura de Vila Velha, cidade onde nasceu e mora. Ele contou ainda que se formou na Universidade Federal Fluminense (UFF) em 2012, e há seis meses não visita o a cidade onde concluiu os estudos. Apesar de ser politicamente engajado e já ter participado de manifestações em Vitória, na capital do Espírito Santo, Caio revelou que nunca participou de protestos no Rio.
O rapaz ficou sabendo que um homônimo estava sendo procurado pelo crime na noite de segunda-feira, e postou em sua página pessoal que não era o acusado. Apesar da divulgação de sua foto, Caio afirmou que não recebeu nenhuma ameaça direta e não está com medo. "Eu estou no Espírito Santo, por isso estou tranquilo. Mas se estivesse no Rio não estaria, ainda mais com essa moda de justiceiros e a repercussão que a morte do cinegrafista tomou. Muita gente me mandou mensagens de apoio", contou.
Caio revelou ainda que pretende tomar medidas contra a campanha difamatória. "Vi que a imagem foi compartilhada mais de 300 vezes por um perfil, 50 vezes em outro, 20 em outra. Nas páginas originais, algumas pessoas fizeram ameaças, como de me agredir caso me encontrassem. Algumas pessoas que compartilharam perceberam o erro e me pediram desculpas, apagando o que haviam feito. Não tenho como medir o alcance disso, mas fiz diversos prints e vou agir o mais rápido possível", disse.