Por helio.almeida
Moradores dizem que Major Priscilla proibiu o baile sem respaldo algumDivulgação

Rio - Após denúncia de proibição do baile da Rocinha, na Zona Sul da cidade, e reportagem feita pelo DIA Online, o evento está liberado daqui em diante. A comandante da UPP na região, major Priscilla, não queria o evento no clube Emoções. De acordo com organizadores dos bailes e ativistas do funk, houve impedimento mesmo apresentando os documentos necessários para a festa em local fechado.

"Ela (major Priscilla - que já havia proibido baile no morro Santa Marta quando estava à frente da UPP na região) teve uma conversa com o dono da casa, e disse que poderia ter o baile, mesmo não tendo esse poder para liberar ou proibir o evento. A ordem foi do governo do estado, da secretaria de segurança publica", disse o presidente da Associação dos Profissionais e Amigos do Funk (Apafunk), Teko, que também é MC.

O governo do estado publicou na última segunda-feira mudanças para autorização de eventos, que não dependerá de prévia autorização da Polícia Militar para acontecer, o que seria uma solicitação do movimento funk. A major Priscilla foi procurada pela reportagem, mas preferiu que a Coordenadoria de Polícia Pacificadora respondesse.

"Um representante da Secretaria Estadual de Cultura irá se reunir nesta quinta-feira com a oficial responsável pela articulação comunitária nas comunidades pacificadas e com a major Priscilla Oliveira, para resolver a proibição do baile funk no Clube Emoções", informou o órgão, sem explicar os motivos que levaram a major a proibir o baile.

Visita de policiais

O clube ficou um ano e dois meses interditado por falta de cumprimento das exigências de segurança. Após toda a documentação ser obtida, o estabelecimento foi liberado para funcionar. "Um dos diretores da casa foi até a sede da UPP procurar a oficial para comunicar a abertura do Emoções, mas ela disse que não era bem assim, que a casa não poderia funcionar porque iria trazer muitos problemas", afirmou um produtor em um relato enviado à Secretaria de Cultura do Estado.

Trabalhadores desmontam equipe de som enquanto são observados por dois policiaisTV Tagarela

Conhecido como Tojão, o dono da equipe de som Espião, que se apresenta no espaço, disse que o clube voltou a funcionar no dia 12 de janeiro, sem problemas, assim como no dia 19. O próximo baile seria dia 26, mas não ocorreu. "Na sexta-feira, 24 de janeiro, a casa recebeu a visita de dois policiais a mando da oficial, dizendo que não teria mais evento no local", contou.

O proprietário do Emoções começou uma peregrinação para falar com a major Priscilla. Ao encontrá-la, apresentou a documentação da prefeitura e do Corpo de Bombeiros, mas a oficial teria informado que era preciso uma autorização da delegacia da área. Porém, segundo relato feito à Secretaria de Cultura do Estado, o titular da 11ª DP (Rocinha), Gabriel Ferrando, informou que não cabe a ele "autorizar o que já está autorizado". Com orientação do advogado e medo de represálias, o dono do espaço resolveu não insistir.

Forró sim, funk não

No último sábado foi realizado um forró no Emoções, mas não teve funk no domingo. Membro da Comissão Municipal de Cultura, Washington Santos diz está encarando o caso como discriminação. "Enviamos para a Secretaria de Segurança um e-mail relatando o caso, mas não tivemos resposta. Autorizando o forró, foi declarado o preconceito dela sobre o funk. Vou protocolar pessoalmente o pedido de explicação. O funk não tem relação com a criminalidade. E não cabe a autoridade escolher o gênero que o cara vai tocar".

Policial conversa com profissionais do funk em frente ao clubeTV Tagarela

Já o membro da Comissão de Direitos Humanos da Alerj, Guilherme Pimentel afirmou que a comandante da UPP Rocinha está proibindo o evento sem embasamento legal. "Isso é complicado, o cidadão tem que saber o fundamento dessa decisão. Estamos falando de lazer dos jovens. A casa tem alvará, tem tudo. Se ela tem motivo para proibir, tem que botar por escrito, o que ela não fez até agora. Isso dificulta o exercício da cidadania".

'Preconceito dela ao funk'

O presidente da Apafunk, Teko, aponta que a proibição de bailes funk nas favelas com UPP é recorrente e reforça o preconceito contra o movimento. "A major deixou fazer o forró. A gente quer que aconteça mesmo, para mostrar o preconceito dela ao funk. A gente não precisa de autorização da UPP para fazer o baile. Não vou me prender a major Priscilla. Essa proibição é uma politica de segurança".

A major Priscilla foi procurada pela reportagem, mas preferiu que a Coordenadoria de Polícia Pacificadora respondesse. "Um representante da Secretaria Estadual de Cultura irá se reunir nesta quinta-feira com a oficial responsável pela articulação comunitária nas comunidades pacificadas e com a major Priscilla Oliveira, para resolver a proibição do baile funk no Clube Emoções", informou o órgão, sem explicar os motivos que levaram a major a proibir o baile.

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