Por thiago.antunes

Rio - A guerra pelo controle do tráfico na Vila Kennedy, em Bangu, que assustou moradores com intenso tiroteio na madrugada de ontem, foi orquestrada a 30 quilômetros do local dos confrontos. A tentativa de ocupar o território inimigo acabou colocada em prática após ordem dada pela cúpula do Terceiro Comando Puro (TCP), no Complexo da Maré.

Depois do tiroteio, policiais do 14º BPM (Bangu), que ocupam a favela por tempo indeterminado, tentaram localizar sete bandidos que teriam morrido no confronto. Entretanto, os corpos não foram encontrados. Segundo a polícia, Marcelo Santos das Dores, o Menor P, que chefia o TCP, decidiu tomar o território inimigo porque estaria preocupado com a chegada da UPP na sua área, a Maré. O ataque contou com a participação de bandidos criados na Vila Kennedy.

Ônibus foi incendiado pro manifestantesReprodução Internet

Segundo a polícia, Felipe da Silva Caetano Costa, o Zebrião, que integrava o Comando Vermelho (CV), trocou de lado ao ser ‘recrutado’ pelo antigo chefe do TCP Márcio José Sabino Pereira, o Matemático, morto há dois anos ao ser baleado por policiais num helicóptero — na época, ele era o bandido mais procurado do Rio.

Zebrião, que atua no tráfico na Vila Aliança, em Senador Camará, contou com a ajuda de outro antigo integrante do CV na Vila Kennedy. Fabio Augusto Silva de Souza, o Fabinho Noronha, se aliou a Zebrião há dez dias, dando início aos confrontos. O ápice da disputa ocorreu na madrugada de ontem. Segundo moradores, 50 homens comandados por Zebrião e Fabinho Noronha invadiram a Vila Kennedy pela mata com fuzis e roupas pretas. A ação contou com o reforço de traficantes da Vila dos Pinheiros, na Maré.

Moradores queimam ônibus, e 700 ficam sem aulas

Ainda de acordo com a polícia, ontem à tarde, moradores a mando de traficantes atearam fogo em pneus e num ônibus, interrompendo o trânsito em um acesso à Avenida Brasil, na Vila Kennedy. Sete escolas municipais e dois Espaços de Desenvolvimento Infantil ficaram fechados por causa dos confrontos. Dois colégios estaduais também permaneceram trancados à noite, deixando 700 sem aulas.

Depois de uma pausa ao longo do dia, os confrontos foram retomados quando começou a escurecer. Por volta das 18h30, moradores buscavam proteção dentro de casa. Quem ainda não tinha voltado do trabalho não conseguia entrar.

“Não tem ninguém na rua e não tenho como voltar para casa. Estou desesperado”, disse um morador, que não se identificou. Segundo a polícia, bandidos do CV deram o contragolpe, com o apoio de traficantes vindos das favelas de Antares e Rola, em Santa Cruz. De acordo com o tenente-coronel Gláucio Moreira, comandante do 14º BPM, traficantes do TCP invadiram uma localidade conhecida como Metral, para assumir o controle do tráfico na área.

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