Rio - O corredor de ônibus que vai ligar o Aeroporto Antonio Carlos Jobim-Galeão à Barra da Tijuca ainda nem começou a funcionar, mas já acumula problemas. Auditoria feita pelo Tribunal de Contas do Município (TCM-RJ) pede à Prefeitura do Rio a devolução de R$ 66 milhões referentes a obras no Transcarioca. O dinheiro foi um ‘extra’ usado na construção de dois mergulhões na Barra, que custaram R$ 133 milhões, o dobro do valor previsto no projeto. O documento revela ainda que há estação do BRT com trincas na estrutura e asfalto remendado.
Em um trecho da auditoria, os fiscais alertam: “Foram observadas durante as visitas à obra diversas intervenções realizadas de forma inadequada técnica e economicamente.” O Transcarioca, que é um dos compromissos do governo para a Copa, vai custar R$ 1,7 bilhão e a previsão é que seja inaugurado ainda no primeiro semestre.
O encarecimento na construção dos mergulhões, que ficam próximos à Cidade da Música, ocorreu porque a prefeitura decidiu usar a técnica chamada ‘jet grouting’ — injeção em alta pressão da mistura de cimento e água no subsolo. Com isso, as estruturas que estavam programadas para custar R$ 67 milhões ganharam um acréscimo de mais R$ 66 milhões na obra, totalizando os R$ 133 milhões.
O TCM-RJ não aceitou as justificativas da prefeitura — que enviou documentos se explicando — e afirmou em um trecho do relatório que “(...) com a escolha desta solução, a obra foi onerada em cerca de R$ 66 milhões, motivo pelo qual esses valores deverão ser devolvidos, sendo abatidos os custos relativos à execução do rebaixamento do lençol freático.”
Ao DIA, a Secretaria Municipal de Obras informou que o método foi a melhor opção para o local, de solo mole. Além disso, disse que a técnica adotada evitou a interdição total da Avenida Ayrton Senna, o que causaria um colapso no trânsito da região, além de impactos no lago do Bosque da Barra. O órgão não explicou como fará a devolução do dinheiro. Alega ainda ter enviado mais informações ao TCM-RJ e que aguardará resposta.
Empreiteira fará reparos sem custos
As diversas trincas que existem no piso da estação BRT em Jacarepaguá vão reduzir a vida útil do pavimento e são “ fonte certa de problemas futuros”, de acordo com a auditoria do TCM-RJ. Os rasgos no cimento permitem a infiltração de água da chuva. Diante da quantidade de problemas apontados pela fiscalização, a Secretaria Municipal de Obras fez um “check-list das imperfeições detectadas” no corredor de ônibus.
O órgão afirmou que haverá correção das obras pela Andrade Gutierrez — empreiteira responsável pelo primeiro lote —, sem custo aos cofres públicos. E garantiu que, caso a empresa não faça os reparos, será punida com a retenção do pagamento.