Por thiago.antunes

Rio - Uma briga com a ‘primeira-dama’ do tráfico de drogas na Vila Kennedy, em Bangu, foi o estopim da guerra que vem apavorando os moradores da favela há quase duas semanas, dizem policiais do 14º BPM (Bangu). Depois da desavença, Fabio Augusto Silva de Souza, o Fabinho Noronha, interceptou carta enviada do Complexo de Gericinó por Aldair Marlon Duarte, o Aldair da Mangueira, chefão do tráfico local que está preso, encomendando a sua morte.

Ônibus foi incendiado pro manifestantesReprodução Internet

Na madrugada do dia 8, Noronha deixou a Vila Kennedy acompanhado de 30 comparsas, levando 15 fuzis, drogas e R$ 1 milhão em dinheiro, arrecadado com a venda de entorpecentes. Ao deixar a área dominada pelo Comando Vermelho (CV), Fabinho se aliou ao Terceiro Comando Puro (TCP), facção rival que controla a venda de drogas nas comunidades de Senador Camará, na divisa com a Vila Kennedy. Segundo o 14º BPM, Noronha e comparsas já estavam sendo procurados por Felipe da Silva Caetano, o Zebrião, que deixou a Vila Kennedy e trocou de facção anos atrás.

A ideia de Zebrião era arregimentar antigos aliados para tirar a Vila Kennedy das mãos do CV. A desavença ocorreu no mês passado, quando a mulher de Aldair chegou de carro e em alta velocidade na favela. Traficantes deram um tiro de advertência na direção do veículo.

A mulher, que estava grávida, desceu, discutiu com Noronha e contou o episódio por um radiotransmissor ao companheiro. Enfurecido, Aldair da Mangueira teria dito: “Vou mandar matar ele agora! Já perdi a paciência.”

Como o aparelho estava em som ambiente, Noronha ouviu o recado. A carta do presídio, com a ordem para matá-lo, chegou na semana seguinte. Segundo a polícia, o episódio foi a gota d’água para Noronha e seus comparsas. Por serem oriundos da favela, eles se sentiam desprestigiados pela facção, que oferecia o controle do tráfico da Vila Kennedy a traficantes vindos de favelas pacificadas.

Fotos de ferimento no Facebook

Um homem, supostamente envolvido na guerra do tráfico, estaria usando o perfil no Facebook para publicar fotos de um ferimento na perna em confronto. As imagens foram encaminhadas à 34ª DP (Bangu), que irá investigar se o perfil é de um integrante do tráfico local.
No fim da manhã de ontem, ele publicou uma foto com a perna engessada.

“Quem é CV vive CV. Acidente de trabalho”, escreveu. No fim da tarde, voltou a postar uma foto. Desta vez, mostrando o ferimento, que estaria infeccionado e dizendo não poder ir à UPA porque poderia ser preso. Ele também postou uma foto de um rival morto, anteontem. À noite, as fotos foram tiradas do ar.

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