Por thiago.antunes

Rio - O toque na porta da casa na Favela Nova Holanda, na Maré, às 6h30 desta sexta, despertou Antônio Gomes da Silva, um viúvo quase recente. Do lado de fora, o filho Leonardo Gomes da Silva, de 31 anos, segurando uma sacola, avisou assim que o pai abriu: “Estou com a minha mãe”. Antônio foi espiar e viu uma cabeça, em decomposição.

Era parte do corpo da falecida esposa, Marlene Viana da Silva, sepultada desde 14 de março de 2013, no Cemitério do Caju. Ainda meio sonolento, Antônio ouviu o filho, segurando a sacola, afirmar: “Trouxe minha mãe para que ela possa ver o que você anda fazendo”.

O viúvo, mais espantado ainda, viu Leonardo beijar duas vezes o crânio, que ainda tinha uns poucos fios de cabelo. Antônio correu para a sala, pegou o celular e ligou para o 190, o telefone de emergência da PM. Para justificar a chamada de uma patrulha, Antônio teve que explicar várias vezes o caso à atendente. Até que conseguiu convencê-la de que não era trote.

Os PMs que correram para atender a ocorrência levaram todos para a 21ª DP (Bonsucesso): o pai, o filho e a cabeça da mãe. A sacola macabra, ainda com um certo odor, afastava policiais e outros que esperavam atendimento na delegacia.

Leonardo, agitado, não se conformava com a atitude do pai que, além de chamar a PM, era acusado de ser mulherengo. “Mesmo durante o casamento com a minha mãe”, repetia o filho, indignado. Leonardo foi autuado em flagrante por ocultação de cadáver, que engloba usurpação e violação de túmulo. O pai disse que o filho é usuário de drogas. Até o fechamento desta edição, ele não havia conseguido dinheiro para pagar a fiança e responder em liberdade.

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