Por adriano.araujo
Após confrontos na Vila Kennedy, que aterrorizaram moradores na semana passada, ônibus foi incendiadoReprodução Internet

Rio - As rajadas de fuzil e o medo da morte cravado no cotidiano dos moradores da Vila Kennedy, em Bangu, não se limitam à região. Pessoas que moram em outras sete comunidades cariocas, nas zonas Norte, Sul e Oeste, ficaram no meio do fogo cruzado por causa da interminável disputa territorial entre traficantes nos últimos meses.

A virada do ano foi tensa para os moradores da Favela do Muquiço, em Guadalupe. Em vez de fogos de artifício, tiros de bandidos chefiados pelo traficante Luís Cláudio Machado, o Marreta, do Comando Vermelho (CV), que tentaram tomar o território do Terceiro Comando Puro (TCP). Policiais do 9º BPM (Rocha Miranda) prenderam seis suspeitos com dois fuzis, duas pistolas e uma granada.

A presença de traficantes do CV num baile funk no fim do ano na Serrinha, em Madureira, teria marcado o começo da guerra entre as facções rivais. No meio do confronto, sobrou até para dois policiais do 9º BPM, baleados na Avenida Ministro Edgard Romero por traficantes da Serrinha, que tentavam invadir a via para invadir o Cajueiro, favela dominada pelo CV.

No dia 25 de janeiro, Josiel Gomes de Souza, o Toulon, do CV, apontado como um dos bandidos mais procurados do Rio, morreu ao tentar furar um bloqueio policial e trocar tiros com homens do 41º BPM (Irajá). Segundo a PM, ele tinha recrutado cerca de 30 homens para retomar o controle do tráfico na favela Para-Pedro, em Colégio.

Milicianos e traficantes do CV disputam há mais de um ano o controle dos morros São José Operário e Bateau Mouche, na Praça Seca, em Jacarepaguá. No começo de fevereiro, policiais militares trocaram tiros com traficantes da área por dois dias consecutivos. Segundo a polícia, o traficante Marreta teria um ‘exército’ com mais de 30 bandidos armados com fuzis na região.

Briga interna leva guerra à Rocinha

?Na Rocinha, em São Conrado, a disputa pelo controle do tráfico ocorre dentro da mesma facção. A guerra começou após a prisão de Antônio Francisco Bonfim Lopes, o Nem, em novembro de 2011.

De lá para cá, dois traficantes passaram a brigar pelo posto na facção Amigos dos Amigos (ADA): Luiz Carlos Jesus da Silva, o Djalma, e Rogério Avelino da Silva, o Rogério 157.
A fronteira entre os dois grupos é a Estrada da Gávea, principal via da comunidade, onde há grande circulação de moradores, comerciantes e usuários de drogas.

No último dia 15, um confronto entre os dois grupos acabou ferindo o coronel Frederico Caldas, comandante-geral das UPPs.

As vítimas dos confrontos

?A disputa pelo controle do tráfico entre o CV e a ADA no Morro do Chaves, em Costa Barros, motivou as agressões brutais sofridas por dois jovens, em setembro de 2013. Andressa Cristina Silva Candido e um amigo foram torturados e atirados no Rio Acari só porque moravam numa área dominada pela facção rival. Andressa não resistiu às agressões e morreu. Três pessoas foram denunciadas pelo Ministério Público por tortura qualificada.

Em novembro do ano passado, dois adolescentes foram vítimas da guerra do tráfico no Morro do Urubu, em Pilares. Gabriel Moraes de Souza Moura, de 16 anos, foi executado porque não foi reconhecido pelos bandidos, em meio a uma guerra pelo controle do tráfico de drogas na região. Morador da favela de Manguinhos, a vítima tinha ido visitar a mãe. Patrick Luiz Pires de Assumpção, de 14 anos, que brincava com amigos na rua, foi baleado no peito em meio à guerra do tráfico.

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