Rio - Um contêiner da base avançada da Unidade de Polícia Pacificadora (UPP) Camarista Méier no Morro da Gambá e quatro veículos foram incendiados - sendo três ônibus - durante um protesto de moradores do Complexo do Lins de Vasconcelos, Zona Norte do Rio, na noite deste domingo. Uma viatura do 6º BPM (Tijuca) foi destruída a pedradas. A via ficou fechada por quase sete horas. O Batalhão de Choque e policiais de outras UPPs reforçam o policiamento na região. Falta energia elétrica em ruas do bairro e em várias áreas das comunidades. Não há informações de feridos.
Durante a madrugada o cenário no bairro era de uma praça de guerra. O tumulto começou por volta das 21h30. Os moradores do Morro da Cotia, que fica às margens da pista sentido Zona Norte, da Grajaú-Jacarepaguá, teriam se revoltado por conta de uma menina de sete anos que foi atingida por uma bala perdida. Eles fecharam a via e atearam fogo a entulhos, lixo e madeira. PMs da UPP tentaram intervir e foram atacados. Além da viatura 54-5486 que ficou destruída, houve tentativa de queimá-la com os policiais dentro do veículo, segundo PMs.
Ainda segundo os policiais, o contêiner da base avançada do Morro da Gambá foi incendiada. O ônibus da linha 600 (Praça Saens Pena-Taquara), da Viação Redentor, foi cercado e queimado, além de uma Fiat Uno. A polícia não sabe o real motivo do protesto. Até o momento não há registro oficial de atropelamento na via, nem socorro a alguma vítima.
A revolta se generalizou pelo bairro. Na Rua Lins de Vasconcelos, um ônibus da linha 606 (Engenho de Dentro-Rodoviária), via Boca do Mato, da Viação Mathias, foi incendiado. De acordo com o funcionário de um posto de combustíveis que fica a dez metros do local, o estabelecimento só não foi alvo dos manifestantes porque a PM chegou rapidamente ao local.
"O posto já tinha fechado. Estava jogando água no veículo de um último cliente quando ouvi uma explosão. Vi um homem com roupa de rodoviário fugindo desesperado. Quando olhei o ônibus já estava em chamas e várias pessoas correndo. Se o posto está aberto e esse ônibus é queimado aqui em frente seria um tragédia", descreveu o frentista, que preferiu não se identificar por medidaa de segurança.
Na Rua Vilela Tavares, um ônibus da linha 651 (Méier-Cascadura), da Viação Estrela, também foi atacado e destruído, a cerca de 50 metros da entrada do Hospital Naval Marcílio Dias. As chamas do ônibus atingiram o segundo andar de um armazém. Os manifestantes fizeram várias barricadas na via com paus, sacos, madeira e entulho. Uma Kombi teve o vidro dianteiro atingida por pedradas. Bombeiros do quartel do Méier precisaram de apoio da PM para chegar ao local e combater o fogo.
Durante a confusão houve troca de tiros entre PMs e traficantes. Policiais do Batalhão de Choque, do 6º BPM e de várias UPPs seguiram para a região. De madrugada foram ouvidas explosões e disparos de arma de fogo. Não foram registrados outros incidentes até o início da manhã. Técnicos da Light trabalham para tentar restabelecer a energia elétrica na região. Por determinação das empresas de ônibus, coletivos que passavam pela Grajaú-Jacarepaguá estão seguindo pelo Engenho Novo por tempo indeterminado.