Rio - O presidente da Comlurb, Vinícius Roriz, afirmou que o prefeito Eduardo Paes vai ser multado em R$ 157 por ter jogado lixo na rua. A imagem está circulando desde o início da manhã nas redes sociais. Veja abaixo o vídeo, publicado no YouTube. O prefeito come o que parece ser uma fruta e, em seguida, arremessa-a para longe.
Roriz recebeu a notícia durante coletiva da empresa sobre a greve dos garis: "Vamos ter que multá-lo", disse. As imagens questionam ainda se o programa Lixo Zero, criado pela Prefeitura para multar quem joga dejetos no chão, não vale para todos. Desculpando-se com os cariocas por um “eventual equívoco”, Eduardo Paes tentou se eximir da culpa: “O vídeo, efetivamente, não mostra Paes jogando ao chão um pedaço de fruta. Na dúvida, já que o prefeito não se lembra do ocorrido, determinou que a Comlurb emita uma multa a ele próprio”, dizia parte da nota enviada por sua assessoria.
O comunicado oficial declarava que ele possivelmente teria feito o descarte em uma lixeira mais distante ou para que seus assessores o fizessem. Além disso, alegava que ele não joga lixo no chão, hábito bastante combatido na sua gestão.
Iniciativa para diminuir o lixo jogado nas ruas do Rio, o programa Lixo Zero começou no dia 20 de agosto. Equipes que contam com gari, guardas municipais e policiais militares fiscalizam diversos pontos da cidade, para coibir ação dos ‘porcalhões’.
Quem for flagrado lançando lixo no chão, é multado. As sanções variam: aqueles que jogarem latas de refrigerante e cigarros, entre outros objetos, por exemplo, têm de pagar R$157. Grande quantidade de entulho e depósitos irregulares geram multa de R$ 3 mil.
Comlurb: situação normalizada até domingo
Sobre a greve, Roriz declarou que a partir do fim de semana a operação para limpar as ruas estará concluída. Segundo ele, foram coletados 65% do lixo que estava espalhado nas ruas, o equivalente 6 mil toneladas de resíduos.
O presidente explicou que a paralisação afeta 30% dos funcionários da Comlurb. "São 21 mil funcionários da Comlurb, 15 mil garis, sendo que, dos 15 mil, quatro mil atuam diretamente na limpeza urbana (varrição e coleta, por exemplo), em três turnos. Ou seja, 1.200 funcionários são afetados, por estarem sendo ameaçados pelos grevistas", afirmou.
Roriz disse ainda que muitos grevistas estão indo para portas de gerências da empresa e intimidando quem não aderiu à greve.
'Sindicato não representa mais os grevistas'
Durante o protesto dos garis na tarde desta quinta-feira, em frente à Câmara Municipal, na Cinelândia, o representante da comissão de greve, Willian Rocha de Oliveira, declarou que o sindicato não representa mais o movimento. "O prefeito Eduardo Paes diz que não vai dar aumento para a nossa categoria. Ele quer denegrir a imagem do trabalhador, do servidor público. Somos nós que mantemos essa cidade e a limpamos para mutos gringos verem", disse.
>>>GALERIA: Veja fotos da manifestação desta quinta
O gari Renato Sorriso esteve presente na manifestação que aconteceu na manhã desta quinta, em frente à sede da Comlurb, na Tijuca, e se posicionou sobre a paralisação. "Eu também sou gari. Nossa categoria tem que ser respeitada. Só peço que não tenha agressão e ninguém bata em ninguém" disse Sorriso, que afirmou ainda que tentaria falar com o prefeito para que não ocorram mais demissões.
Um novo ato está marcado para a manhã desta sexta-feira, com concentração em frente à sede da Prefeitura. O protesto, que começa às 10h, ainda não tem destino definido.
Partido nega comandar greve
O PSOL enviou, na tarde desta quinta-feira, nota negando participação no comando da greve. Segundo a executiva do partido, o vice-presidente do Sindicato de Empresas de Asseio e Conservação, Antônio Carlos Silva, teria acusado membros da legenda de liderar a paralisação.
"Mesmo que houvesse filiados ao PSOL entre os grevistas, isso não poderia servir como instrumento para desqualificar o movimento, que é legitimo. Os trabalhadores são livres para ingressar em qualquer legenda com a qual tenham afinidade ideológica. Este argumento, extremamente raso, não pode se sobrepôr ao debate sobre as péssimas condições de trabalho dos garis. Os partidos são parte fundamental da democracia", afirma trecho do documento.
Cerca de 200 garis protestaram na sede da Comlurb
Os garis do Rio decidiram, em assembleia na manhã desta quinta-feira, manter a greve da categoria. O encontro ocorreu na Rua Major Ávila, na Tijuca, onde fica localizada a sede da Comlurb.
Logo depois, o grupo saiu em passeata em direção ao Centro do Rio. Os manifestantes, cerca de 200, percorreram a Avenida Maracanã, Radial Oeste, Praça da Bandeira e Presidente Vargas, interditando momentaneamente as vias e complicando o trânsito. O grupo de grevistas segue pela Avenida Rio Branco em direção à Cinelândia.
Mais cedo, a Comlurb informou que o serviço de coleta, varrição e limpeza da cidade apresentou melhora, apesar da equipe de O DIA ter circulado pelas ruas do Centro do Rio e não encontrar equipes da Comlurb atuando na limpeza. Ruas como Uruguaiana, Rosário, Carioca, Sete de Setembro e a Praça Tiradentes permaneciam imundas.
Ainda na nota, a empresa disse que, apesar da evidente permanência do lixo nas ruas do Centro, a região e outras em situação mais crítica estão com 100% de efetivo, veículos e equipamento nas ruas. Entretanto, a companhia reconhece que a total limpeza da cidade deve levar ainda alguns dias diante do volume de resíduos acumulado.
PM e guardas escoltam garis que trabalharam na coleta de lixo
Policias militares e guardas municipais escoltaram garis que não aderiram a greve da categoria, que já dura seis dias, ou que abandoram o movimento e voltaram a trabalhar na madrugada desta quinta-feira. Na noite de quarta-feira, o prefeito Eduardo Paes anunciou a contratação de segurança privada para garantir a circulação de 300 caminhões de coleta de lixo, por tempo indeterminado. Ele garantiu ainda que revogará as 300 demissões, caso a categoria volte ao trabalho nesta quinta-feira.
A medida de segurança anunciada se deve a supostas ameaças feitas pelos grevistas, denunciadas por colegas, de impedir o trabalho dos garis que querem trabalhar. Muitos dizem estar sendo coagidos a parar suas atividades e a aderir ao movimento. O prefeito não soube dizer quanto vai custar aos cofres públicos a contratação da empresa de segurança.
“Isso ainda está sendo calculado”, afirmou ele, que admitiu que acha “legítima” a reinvidicação por melhores salários.
Na Rua Muniz Barreto, em Botafogo, na Zona Sul, 12 garis, em dois caminhões de coleta de lixo, eram acompanhados por uma equipe da Guarda Municipal durante a madrugada. Seis deles se mostraram arredios com a presença da equipe do DIA . Segundo um dos guardas, eles não queriam ser fotografados. O temor era de serem reconhecidos por colegas em greve e sofrer represálias. Nenhum deles quis dar declarações.
O prefeito, no entanto, disse que o reajuste pedido pode comprometer o orçamento do município. “Foi a categoria que teve mais aumento no município, 50% de ganho real. Além disso, teve 9% de aumento salarial agora”, argumento Paes, que citou, ainda, a inclusão de benefícios como planos odontológico e de carreira, aprovado em 2012. A organização de greve já adiantou que não aceita a proposta da Prefeitura. Segundo eles, há uma adesão de 70% dos funcionários.
“Ninguém vai demitir por reivindicar melhores salários, o que não pode é fazer motim, coagir os outros. São grupos criminosos que estão sendo investigados”, afirmou o prefeito.
O movimento quer o piso de R$ 1.200, que com o adicional de 40% por insalubridade ficaria em R$ 1.680. Hoje, o piso é de R$ 803. A proposta de Paes, para suspender as demissões, surgiu após uma reunião com o defensor público geral do Rio, Nilson Bruno, que havia se encontrado antes com dez representantes do movimento grevista. “Nove concordaram com a proposta. Apenas um, Celio Gari, foi contra”, explicou o defensor.
De acordo com um policial do 6º BPM (Tijuca), PMs também escoltaram garis que iniciaram a limpeza na Avenida Boulevard 28 de Setembro, a principal via de Vila Isabel, na Zona Norte. Militares do 4º BPM (São Cristóvão) também deram apoio a coleta de entulho na área de atuação do batalhão, na mesma região.