Por bianca.lobianco

Rio - A presidenta Dilma Rousseff lamentou a morte da auxiliar de serviços gerais Cláudia da Silva Ferreira, de 38 anos, baleada no pescoço e no toráx durante troca de tiros entre PMs e traficantes no Morro da Congonha, em Madureira, na Zona Norte do Rio, no último domingo. Durante a ação, a guarnição colocou a vítima no porta-malas da viatura para prestar 'socorro' e saiu em direção ao Hospital Carlos Chagas. A tranca abriu e Cláudia caiu, ficando presa apenas por um pedaço de roupa. Ela foi arrastada pela viatura por mais de 250 metros na Estrada Intendente Magalhães.

"Cláudia da Silva Ferreira tinha 4 filhos, era casada havia 20 anos e acordava de madrugada para trabalhar em um hospital, no Rio. A morte de Claudia chocou o país. Nessa hora de tristeza e dor, presto a minha solidariedade à família e amigos de Cláudia", escreveu a presidenta no Twitter na manhã desta terça-feira.

Cabral classifica ação dos PMs como "atitude desumana"

O governador do Rio, Sérgio Cabral, classificou como "repugnante" a ação dos policiais militares Adir Serrano Machado, Rodney Miguel Archanjo e Alex Sandro da Silva Alves, no caso do resgate de Cláudia, no último domingo. Nesta terça-feira, durante a inauguração de um novo trem da SuperVia, em Nilópolis, na Baixada Fluminense, ele garantiu que o Estado punirá os policiais responsáveis.

"A atitude dos PMs traz uma sensação de choque e repugnância. Foi uma atitude desumana e uma barbaridade desde o momento do primeiro socorro. Eles não podiam colocá-la no porta-malas daquela forma. Todo esse processo será investigado e haverá justiça e punição", garante Cabral, lembrando que mais de mil policiais já foram punidos.

Cerca de 200 pessoas participaram do sepultamento de Cláudia Ferreira da Silva%2C na tarde desta segunda-feiraAlessandro Costa / Agência O Dia

Mesmo com mais uma cena brutal protagonizada por PMs, Cabral garante que a população continuará apoiando a Polícia Militar.

"O caso não vai abalar a confiança da população na polícia", acredita Sérgio Cabral.

'Acharam que minha mãe era bandida'

Thaís Lima, de 18 anos, afirmou nesta terça-feira, que os policiais militares acharam que Cláudia, sua mãe, era uma bandida.

Muro na entrada da comunidade é pichado com frase relatando saudade de 'Cacau'%2C apelido de CláudiaDouglas Viana / Agência O DIA

"Eles [os policiais] deram dois tiros nela, um no peito, que atravessou, e o outro, não sei se foi na cabeça ou no pescoço, que falaram. E caiu no chão. Aí falaram [os policiais] que se assustaram com o copo de café que estava na mão dela. Eles estavam achando que ela era bandida, que ela estava dando café para os bandidos", contou em entrevista ao Bom Dia Rio.

De acordo com Thaís, o porta-malas do carro não abriu somente na Estrada Intendente Magalhães, onde o corpo de Cláudia foi arrastado por cerca de 250 metros.

"Um pegou ela pela calça e outro pela perna e jogou dentro da Blazer, lá dentro, de qualquer jeito. Ficou toda torta lá dentro. Depois desceram com ela e a mala estava aberta. Ela ainda caiu na Buriti [rua, em Madureira], no meio do caminho, e eles pegaram e botaram ela para dentro de novo. Se eles viram que estava ruim porque eles não endireitaram (sic) e não bateram a porta de novo direito?", disse, Thaís, questionando o motivo de que o corpo do outro baleado permaneceu no local.

"Se matou ela, como se fosse bandida, porque deixaram o outro na rua? O corpo dele ficou lá, esperando a perícia", disse.

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