Por thiago.antunes

Rio - Depois de mais de 48 horas, o aposentado Pedro Queiroz, de 69 anos, morador da Praça da Bandeira, faleceu sem atendimento médico adequado na UPA Tijuca, apesar de uma decisão judicial que garantia uma vaga em um hospital da rede pública. Vítima de infarto, Pedro foi atendido na manhã de quinta-feira.

Os médicos alegaram que ele precisava ser transferido para um hospital para uma Unidade de Terapia Intensiva (UTI) coronariana, para se submeter a um cateterismo (exame que permite desobstruir as artérias coronarianas). Mas, apesar de a família ter obtido uma liminar ordenando a transferência ainda na madrugada de sexta-feira, o aposentado permaneceu na UPA, por falta de vagas, até sábado de manhã, quando faleceu.Estado alegou, em nota, que houve socorro.

Pedro Queiroz deu entrada na UPA Tijuca quinta-feira%2C mas faleceu sábado%2C sem conseguir transferênciaBanco de imagens

Sobrinha de Pedro, a jornalista Dayse Tavares contou que ele ficou em observação na sala vermelha da UPA, destinada a pacientes graves, e na noite de quinta, sofreu uma parada cardíaca e precisou de mais recursos médicos. O irmão de Dayse, Romualdo Barreto da Silva, entrou com um pedido de liminar no Tribunal de Justiça, no início da madrugada de sexta, requerendo a transferência. A juíza de plantão, Angélica dos Santos Costa, deferiu a tutela antecipada e determinou que o paciente fosse atendido urgentemente.

A decisão saiu à 1h04. Caso fosse descumprida em até duas horas, estado e município, responsáveis pela rede pública hospitalar, pagariam multa de R$ 1 mil por hora de atraso. E se até as 18h de sexta a vaga não fosse providenciada, deveriam arcar com as despesas na rede privada. Segundo a família, a liminar não foi cumprida e Pedro passou a sexta-feira na UPA. A transferência só foi providenciada sábado de manhã, mas já era tarde demais. Na ambulância para ser levado ao Hospital Ordem Terceira, também na Tijuca, teve outra parada cardíaca e precisou retornar à UPA, onde morreu.

Estado diz que houve socorro

No mesmo dia em que Pedro Queiroz deu entrada na UPA Tijuca, O DIA publicou reportagem mostrando que as unidades de pronto atendimento mantinham pacientes graves internados por falta de leitos em hospitais públicos. A Secretaria Estadual de Saúde alegou, em nota, que “o paciente foi regulado para vaga em unidade coronariana na Central Estadual de Regulação.

” E que “durante sua internação, seguiu recebendo os cuidados necessários ao seu estado, já que as salas vermelha e amarela das UPAs dispõem dos mesmos equipamentos de suporte à vida existentes em leitos de terapia intensiva.” A nota esclarece ainda, que “nenhum leito de UTI fica vazio. Assim que vaga — por alta ou óbito do paciente — é imediatamente ocupado por paciente inserido na Central de Regulação, pelas unidades de saúde de todo o estado”. Já a Secretaria Municipal de Saúde informou que as unidades de sua rede não realizam o procedimento de cateterismo.

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