Rio - "Meu coração de avô logo disse que era algo com a minha neta". Foi o que sentiu o segurança Antônio Carlos dos Santos, de 58 anos, avô da menina Carol Batista, de dois anos, que morreu nesta quarta-feira, ao ser atacada por um cão vira-lata - inicialmente foi divulgado que era da raça pit bull -, na casa onde morava, no Cachambi, Zona Norte.
Ele contou nesta quinta-feira que recebeu um telefonema do filho, o professor de educação física João Igor dos Santos, de 28 anos, na tarde de quarta-feira, pedindo que ele fosse até a casa porque algo havia acontecido com suas filhas. Antônio disse que quando chegou uma viatura da PM estava no portão da vila e um policial avisou que havia uma ocorrência com uma criança.
O ataque aconteceu por volta das 17 horas. Carol brincava com sua irmã de dez anos no quintal de casa, quando um dos dez cachorros da família as atacaram. O alvo foi Carol, a mais nova, que ficou gravemente ferida e acabou morrendo em seguida. A irmã mais velha também ficou ferida, mas recebeu alta após receber atendimento médico. Outra criança, um bebê de 1 ano, também estava em casa, mas não sofreu ferimentos.
A menina foi socorrida pelo construtor civil Luciano da Silva, de 42 anos, que é vizinho. Ele contou que conseguiu tirar Carol dentre os cachorros e depois voltou para socorrer a outra garota. Ele as levou, junto com o pai das meninas, para o Hospital Municipal Salgado Filho, no Méier.
De acordo com Antônio Carlos, seu filho deixou as crianças sozinhas em casa, por cerca de cinco minutos, para poder buscar a esposa na estação de metrô de Maria da Graça. Dois dias antes, a esposa de João Igor foi assaltada no local e estava com medo de voltar sozinha.
“Meu filho sempre foi um homem de família. É um absurdo o que estão fazendo com ele. Já tentaram o linchar falando que ele fez magia negra com a própria filha”, contou.
Carol deu entrada no Salgado Filho, mas não resistiu aos ferimentos. Já a mais velha teve ferimentos leves em uma das pernas. Ela ficou em observação e foi liberada ainda na noite de quarta-feira.
Segundo o avô e o vizinho que socorreu as crianças, os dez cães da família eram calmos e nunca haviam apresentado comportamento agressivo. Eles alegaram que os animais eram bem cuidados e conviviam tranquilamente com os membros da casa. A menina foi enterrada às 16h no Cemitério São João Batista, em Botafogo. Os pais da criança serão intimados a depor na 23ª DP (Méier).