Rio - Após reunião realizada entre o governador do Rio Sérgio Cabral, o vice-governador Luiz Fernando Pezão, a presidenta Dilma Rousseff e o ministro da Justiça José Eduardo Cardoso, o governo anunciou que vai enviar tropas federais para combater facções criminosas no Rio de Janeiro. A decisão foi tomada no Palácio do Planalto, em Brasília, na tarde desta sexta-feira.
Na noite desta quinta-feira, as Unidades de Polícia Pacificadora (UPPs) Camarista Méier e Manguinhos e Complexo do Alemão foram atacadas simultâneamente e deixaram um rastro de destruição nas comunidades. Dois policiais ficaram feridos.
"O fato é que teremos das forças federais o apoio que nunca nos faltou. A presidente Dilma Rousseff nunca nos faltou com seu apoio e sua solidariedade. É mais uma hora de prova dessa soliedariedade com o estado do Rio em um setor tão importante como a segurança", afirmou Cabral.
No entanto, o número do efetivo que será enviado para o Rio e onde essas tropas irão atuar não foram informados por motivos de segurança. "Questões de segurança pública são tratadas sigilosamente", afirmou o ministro da Justiça.
UPPs estão em alerta máximo após ataques
Após os ataques simultâneos em três UPPs pacificadas na noite desta quinta-feira, a cúpula da Segurança Pública definiu algumas medidas para evitar novos ataques da principal facção criminosa do Rio. As folgas na Polícia Militar foram suspensas. PMs dos batalhões de Choque e de Operações Policiais Especiais (Bope) e policiais civis, inclusive os da Coordenadoria de Recursos Especiais (Core), tropa de elite da corporação, estão de prontidão.
Além disso, o Bope reforçou o policiamento no Morro dos Macacos, em Vila Isabel, na Zona Norte, comunidade que também possui uma UPP. Setores de inteligência detectaram uma ameça de invasão da fação rival à comunidade. As 37 UPPs estão em alerta máximo.
Cabral reafirmou que os ataques às UPPs são um indicativo evidente do crime organizado tentando enfraquecer a política do plano de retomada dos territórios dominados por décadas pelo tráfico de drogas. Ele reiterou que o estado não vai desistir do projeto de pacificação. "Não vamos recuar, nem retroceder. E vamos avançar com as forças federais", decretou.
O secretário de Segurança Pública do Rio, José Mariano Beltrame, reiterou o alerta. "Estamos todos em protidão, com folgas diminuídas, ocupando espaços na cidade para evitar que haja qualquer tipo de ameaça ao cidadão carioca. Estamos com força total nas ruas do Rio de Janeiro".
Quase quatro mil alunos sem aula
O policiamento segue reforçado e o clima tenso na Favela do Mandela, no Complexo de Manguinhos, na manhã desta sexta-feira. Parte da comunidade segue sem luz por conta do incêndio que atingiu dois contêineres da Unidade de Polícia Pacificadora (UPP) na noite de quinta-feira. Eles já foram retirados por caminhões da Polícia Militar e de acordo com a Secretaria de Segurança, devem ser substituídos ainda nesta sexta. Uma força-tarefa com equipes da Light e Comlurb também estão no local.
A Secretaria Municipal de Educação informou que quatro escolas, duas creches e um Espaço de Desenvolvimento Infantil (EDI) estão fechadas na região de Manguinhos, fazendo com que 3.993 alunos estejam sem aulas por conta de violência. Parte do comércio local também estão com as portas fechadas.