Por adriano.araujo

Rio - Eles estão por toda parte do Rio e muitas vezes são a única opção para esfomeados de plantão com opções escassas de alimentação nas madrugadas da cidade. Vendidos em Kombis, trailers, barracas e vans, os chamados podrões (sanduíches repletos de ingredientes, muitos deles pouco convencionais) se consolidaram na baixagastronomia carioca e transformaram seus locais de venda em pontos de encontro.

Um dos mais antigos na praça é o Trailer do Chico. Há 35 anos marcando ponto na Praia de Botafogo, na esquina com a Rua São Clemente, a Kombi é o único ganha-pão de Francisco de Assis Pocela Teixeira, de 53 anos. Com a venda de surpreendentes 600 sanduíches às sextas-feiras, sábados e domingos, ele sustenta a família . Há dois anos, saiu do aluguel do pequeno apartamento no Edifício Solymar (antigo Rajah), onde viveu por 33 anos e que fica próximo ao trailer, para realizar o sonho da casa própria: se mudou para Campo Grande, na Zona Oeste.

Porto seguro para quem quer matar a fome de madrugada%2C os ‘podrões’ atraem pela informalidade e até pela diversidade de figuras da noite Osvaldo Praddo / Agência O Dia

No Chico, a principal pedida dos clientes é o X-Tudo com refrigerante (R$ 9). Segundo o dono, a clientela é variada e formada principalmente por jovens que procuram o local durante a madrugada depois de curtir a noite. De vários bairros do Rio, eles são atraídos pelo clima de descontração e paquera, além da variedade de molhos caseiros e comerciais oferecidos para incrementar os podrões.

“Quem curte a noite vem direto, porque sabe que está aberto”, confirma o funcionário público Bruno Marques, 24 anos, morador do bairro e cliente há nove anos. Ele elege o X-Táxi (dois hambúrgueres, calabresa, cheddar e catupiry) como a melhor iguaria vendida pelo Chico.

O dono credita o sucesso do empreendimento à honestidade e disciplina. Placas em frente ao trailer orientam os clientes a não fazer barulho para não atrapalhar a vizinhança e a não jogar lixo na calçada. Para ajudar manter a ordem, há cinco anos ele resolveu não vender mais cerveja. Um dos motivos foi a falta de banheiro público para aliviar a freguesia.

“É para evitar que haja tumulto por perto. Sabe como é: muitos bebem e querem arrumar confusão’, explicou Chico. Entre seus clientes esporádicos, quando curte férias no Brasil, está o lateral esquerdo Marcelo, titular do Real Madri, da Espanha, e da Seleção Brasileira de futebol. “Ele morou no Rajah. Esteve aqui há uns dois anos para matar a saudade”, lembra o dono.

Kombi estacionada na calçada se transforma em um reduto da baixa gastronomia e uma marca do RioOsvaldo Praddo / Agência O Dia

De Vila Isabel à Lapa e Baixada

Em Vila Isabel, reina a Barraca Dourados, há 11 anos fincada na garagem de uma antiga oficina de móveis. A aceitação de cartão de crédito e o funcionamento das 17h às 7h, alavanca as vendas de X-Tudo (R$ 5,50) e do cachorro-quente (R$5) de sexta a domingo, principalmente entre 2h e 5h. “Nosso diferencial é molho Hulk, feito com ervas verdes. Os policiais da UPP comem sempre aqui”, revela o atendente Washington.

Na Lapa, o Aeroburger está de prontidão todos os dias da semana à espera dos esfomeados, das 9h às 5h, esticando até às 7h na sexta-feira, quando o movimento aumenta consideravelmente. “Frequento desde que era apenas uma carrocinha”, elogia o comerciante Domênico Jannotti, 43, indicando o contra-filé (R$ 7).

Na Baixada Fluminense, em plena Via Light, a barraca do Russo é referência. Diariamente das 21h às 5h, é uma das opções para taxistas, rodoviários e principalmente frequentadores de casa de shows como Rio Sampa e Rua da Lama.

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