Rio - A Polícia Federal divulgou na manhã desta quinta-feira detalhes da prisão do traficante Marcelo Santos das Dores, o Menor P, na noite de quarta, em Jacarepaguá, Zona Oeste do Rio. De acordo com o Superintendente Regional da PF, Roberto Cordeiro, a utilização do veículo aéreo não tripulado (VANT), popularmente conhecido como drone, durante a investigação foi primordial para a captura do traficante.
"A investigação para prender o Menor P durou cerca de um ano. Nesse período utilizamos o VANT que acabou sendo importante nesta operação. A Secretaria de Segurança do Estado solicitou a utilização do aparelho na ocupação do Complexo da Maré", diz.
Os agentes da PF ficaram durante toda a quarta-feira em frente ao prédio, na Avenida Geremário Dantas, onde Menor P foi encontrado. O objetivo agora é descobrir quem é o proprietário do apartamento duplex, com piscina, onde estava escondido o traficante.
De acordo com o superintendente, Menor P não resistiu a prisão e quando questionado, ele disse ser "o dono da Maré". O traficante está preso em Bangu 1, mas sua transferência para um presídio federal, como foi solicitado pelo secretário de Segurança, José Mariano Beltrame, não está descartada.
"A Polícia Federal vai pedir a transferência dele para um presídio federal. No entanto, dependemos de uma decisão da Justiça", afirma.
Transferido de madrugada para o Complexo de Bangu
Menor P foi preso às vésperas da ocupação do Complexo da Maré pelas forças de segurança do Rio, com o auxílio das Forças Armadas. O Disque Denúncia oferecia R$ 2 mil por informação que levassem a sua captura. O comboio levando o homem apontado pelas forças de segurança do Estado do Rio como o principal líder do TCP e o chefe do tráfico de drogas em 11 das 15 favelas da Maré, deixou a sede da PF por volta das 2h40. De lá, Menor P foi levado para o Instituto Médico Legal (IML), em São Cristóvão, onde foi submetido a exame de corpo de delito. Lá, ele permaneceu por cerca de 20 minutos e foi levado para o Complexo de Bangu.
A ação para prender Menor P contou com 15 agentes da DRE. O imóvel onde ele foi preso, na Avenida Geremário Dantas, no Pechincha, vinha sendo monitorado. Para surpreender o traficante, os policiais desligaram a luz do apartamento, quando Marcelo se preparava para assistir ao jogo do Flamengo pelas semifinais do Campeonato Carioca. Ao se levantar para ver o que ocorria, ele acabou preso no segundo andar do imóvel. Três agentes entraram pelo telhado e dois pela porta. Os outros dez cercaram o edifício. O traficante estava sozinho, desarmado e não reagiu. Não foram encontradas armas ou drogas no apartamento. Os agentes apreenderam uma mochila com R$ 4 mil. Ele teria dito aos policiais que pensava em sair do país. "Perdi. Na moral, sem esculacho", disse aos agentes no momento da rendição.
Contra Menor P havia oito mandados de prisão. Ele tinha passagens e condenações por trafico e associação para o tráfico de drogas. Foragido do sistema penitenciário fluminense desde 2007, quando recebeu o benefício do regime semi-aberto, Marcelo não retornou mais ao Instituto Penal Plácido Sá de Carvalho, em Bangu, onde cumpria pena desde 2003. Menor P assumiu o posto de líder do tráfico no complexo de favelas da Maré, após a prisão de outros chefões do TCP.
Segundo investigações da polícia, Menor P é temido por moradores do Complexo da Maré, rivais no tráfico de drogas e desafetos, por ser considerado um bandido violento e sanguinário. Ele é acusado de ordenar torturas e execuções.
Para o advogado de Menor P, Nilson Lopes, que esteve na sede da PRF durante a madrugada, a intenção da Secretaria de Segurança Pública de pedir a transferência do cliente dele para um dos presídios federais é política, mas deve ser acatada caso concedida.
"Ele tem que ficar perto da família dele, por uma questão óbvia. É uma prisão preventiva. Mas, o interesse público prevalece sobre o privado. Ele está tranquilo, lúcido e ciente sobre o que apontam sobre ele", disse Nilson Lopes. Ele negou que Menor P tenha confessado aos policiais federais de que é o chefe do tráfico em parte do Complexo da Maré. O advogado disse que cliente se manterá em silêncio e só falará em juízo.
Nem da Rocinha também foi preso antes de ocupação
Menor P não foi o primeiro criminoso apontado como líder de facção criminosa e chefe do tráfico de drogas no Rio a ser preso às vésperas da ocupação de seu reduto. Antônio Francisco Bonfim Lopes, o Nem da Rocinha, hoje com 38 anos, da Amigos dos Amigos (ADA), foi preso no porta-malas de um carro, na Avenida Epitácio Pessoa, na Lagoa, Zona Sul do Rio.
Nem foi preso por policiais do Batalhão de Choque, no dia 9 de novembro de 2011. Ele foi capturado no porta-malas de um carro de luxo, após deixar a Favela da Rocinha, em São Conrado. A comunidade estava cercada pela PM para a tomada das forças de segurança, ocorrida dois dias depois.
Na ocasião, o traficante era o bandido mais procurado do Rio. O Disque-Denúncia oferecia R$ 3 mil por sua captura. A UPP da Rocinha foi instalada na comunidade no dia 20 de setembro de 2012.